Friday, November 17, 2006
Salinger "e tudo" ...
E por falar em Peter Pan, assalta-nos o livro de cabeceira dos assassinos seriais, O Apanhador no campo de centeio, do ainda vivo e rabujento J.D. Salinger. Memorável clássico dos meus dezesseis anos, narra a história de um adolescente absolutamente anárquico, Holden Caulfield, cujo linguajar agressivo prima pela falta de paciência ao ter de completar frases: ele as termina invariavelmente com as expressões "coisa que o valha" ou "e tudo". Etc é pouco...
Holden, como Peter, não quer crescer, porque o mundo dos adultos o entedia, o enoja, o desespera - sua análise da hipocrisia é uma das melhores da literatura mundial. Holden é criativo ao elaborar seu próprio universo paralelo, não busca, em ninguém, subterfúgios para sua angústia. E eis aí a diferença entre ele e os coitadinhos de Banânia: ele não culpa os pais por seus problemas e, logo no início do texto, arrasa com o estilo David Coperfield de se apresentar ao leitor - by Charles Dickens -, dispensando qualquer pieguice, qualquer manobra sentimentalóide para ser visto no lugar do coitadinho-abandonado-azarado-explorado pelo mundo mau, um ser de índole tupinicóide, patologicamente rebelde sem causa. Vocês conhecem alguém assim?
Marx, o Groucho
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1 comment:
Salinger não me dá boas lembranças. Lembro de Mark Chapman carregando uma cópia do livro quando assassinou John Lennon, num dos dias mais tristes de minha vida.
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