Saturday, November 04, 2006
Curso intensivo para petralhas I: a liberdade de expressão
A frase de São Paulo, "tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”, um must do Reinaldo, é básica para começar o curso intensivo para petralhas bem-intencionados(!!!), sob o patrocínio deste blog - aliás, se Emir Sader tivesse lido as Epístolas... Bem, se leu, não entendeu. Que pena...
Já explicamos o que é a "Língua de Pau". Agora vamos destrinchar o emaranhado semântico da badaladíssima liberdade de expressão, um tacape verbal que a turma do "nada sei e tenho raiva de quem sabe" vive brandindo contra os que ousam contrariá- la; aliás, bem a propósito, um dias ainda faremos a psicanálise do comportamento petralheiro, típico de crianças mimadas, pois eivado de pitis e não-me toques.
Primeiro, noções de etiqueta: liberdade de expressão é para todos. Se for só para petralhas, torna-se um privilégio de ditadores. Vovó já dizia: "a sua liberdade começa onde acaba a minha", não necessariamente nessa ordem.
Segundo, aula de Lógica: liberdade é uma conditio sine qua non, uma premissa. Por analogia, seria uma espécie de DOS, ambiente sem o qual não se podem rodar programas no PC. Nesse estado de liberdade, constroem-se milhões de coisas. Sendo livre, posso fazer isso e aquilo, isso ou aquilo etc. É aí que o cérebro petralha começa a ferver: por insondáveis razões emocionais, eles confundem a premissa básica com a construção posterior. ENTENDERAM? Tudo me é permitido porque sou livre mas nem tudo me convém porque há circunstâncias morais tocaiando a minha escolha. Se ignoro isso, terei conseqüências pelas quais serei responsável. Posso matar alguém? É claro que posso - terei expressado livremente meu desejo, por exemplo, de vingança. Contudo, é imoral. Roubar dinheiro público é imoral. Mentir para ganhar eleições é imoral. Enxovalhar a honra alheia é imoral. Solapar o Estado de Direito é imoral. Se não há respeito à moralidade (não confundir com Ética.) um "aloprado" vai reclamar em nome de quê? Diante de qual juiz reivindicará seus direitos? Direitos a quê, se não respeita o dos outros?
Assim, nem tudo me convém porque há conseqüências após minha opção entre o certo e o errado.
Sim, existe certo e errado, COMPREENDERAM? Trata-se de um certo e errado que nada tem a ver com relativismo, outra expressão estuprada pela Língua de Pau. Mas essa é uma outra história.
Resumo didático para petralhas com overdose de informação: Emir Sader está arcando com as conseqüências de ter optado pela expressão verbal errada - parece que a juíza que o sentenciou ainda não foi cooptada pelos adeptos da barbárie. A única desculpa que poder-se-ia aceitar em decorrência do que escreveu é a da ignorância, mas essa nem a justiça aceita porque o réu exibe diplomas, embora o nível de seu texto sequer o habilite a ser chamado de professor primário, o que, por sinal, seria um insulto às normalistas do antigo e primoroso Instituto de Educação da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Verbetes:
1 - conseqüência é o resultado de uma cadeia de eventos que conduzem a uma determinada direção, necessariamente. A oração subordinada que introduz essa idéia é chamada de consecutiva. Ex: Penso, logo não sou petralha.
2 - mas é conjunção adversativa, aquela que contraria petralhas mimados...
Marx,o Groucho
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