Friday, June 18, 2010

VEJAM BEM! Descobrimos a verdadeira face de Dilma!


Houve um tempo na China e no Japão, em que, por conta do zen - palavra japonesa para c'han, do chinês, por sua vez originária de dhyana, do sânscrito -  surgiram muitas estórias alusivas à conquista de um estado superior de consciência, conhecido, aqui, ali e acolá, como "iluminação". São textos narrados em linguagem simbólica, a única forma, na verdade, de se transmitir o que é denotivamente intransmissível. Um desses relatos, bastante conhecido, no diz o seguinte:
"Um discípulo pergunta ao mestre o que era o zen, obtendo como resposta que, ao se conhecer o zen, as montanhas são montanhas, os vales são vales e os rios, rios; durante a prática do zen, as montanhas não são mais montanhas, os vales não são mais vales, nem os rios, rios; finalmente, ao se entender o que é o zen, as montanhas voltam a ser montanhas, os vales voltam a ser vales, e os rios, rios. 
O discípulo, de mente ainda meio trôpega, intui vagamente, a partir daí, que as coisas são sempre as mesmas, mas, quando se tem a verdadeira compreensão de tudo, o que muda, no duro no duro, é o …olhar interior!
Entenderam??? Eis a formidável verdade se descortinando diante de nossa obtusa percepção: nunca antes "nestepaiz  nos foi dada a imensurável dádiva de ter na presidência da república uma criatura que, além de mulher, atingiu o patamar dos iluminados, uma autêntica buda, um ser da mais pura linhagem dos grandes avatares, uma budilma! Portanto, não se iludam: Toda vez que ela nos dá a impressão de que está ouvindo a voz de um ponto eletrônico escondido sob as melenas - uma espécie de "paradinha" vocal que os venenosos chamam de delay … -, o que está de fato acontecendo é uma conexão com o seu verdadeiro "eu", o iluminado, o que ela conquistou, a duras penas, após ter compreendido, de modo fulminante, o significado da estorinha zen sobre acidentes e percursos geográficos. Assim sendo, em seu sempre misterioso discurso, a formidável e onipresente paixão pela área semântica de OLHAR e VER é o sinal óbvio de que a criatura atingiu um nível superior de consciência no exato momento em que olhou, deixou de olhar e voltou a olhar os jogadores do Santos, também conhecidos metaforicamente como montanhas, vales e rios
Os estudiosos do zen sabem que a iluminação, depois de obtida, precisa de um tempo para se aperfeiçoar. Isso explica, de modo insofismável, porque a candidatíssima moça está, ainda, afinando seu psiquismo, dando um "espaço de tempo" entre o que ouve e e o que, de forma esplendorosa, verbalmente expressa: trata-se de um magnífico instante de humildade mental, pois, livre do seu embaraçoso ego, pouco se importa com o que os outros estão pensando sobre sua fala entrecortada de longas e sábias pausas, deliciosos momentos de reflexão interior sobre quilos de filigranas espirituais que as pessoas comuns não conseguem alcançar, posto que ainda não entenderam nada acerca de tão rarefeito estado de perfeição.



Pronto! Matamos a charada! Doravante parem de perturbar o silêncio da musa, parem de criticar sua aparente hesitação, seu rosto de feições impenetráveis, seu gosto pelas frases eivadas de sinalização esotérica. Encontramo-nos diante de alguém que está entre nós exclusivamente para nos guiar para o aquém e o além, para aquela parte, aquele lugar, aquela superior instância, aquela via só percorrida pelos mestres mais extraordinários… Ave Dilma, morituri te salutant!

Imagem 1 - mandala encontrado em escavações do baixo Rio Preto, com a ilustração da verdadeira face da musa!
Imagens 2 e 3 - a iluminada, na característica postura de preaching Buda, e o próprio, uma impressionante semelhança que não é mera coincidência, embora a musa esteja usando a mão esquerda, por questão de profunda coerência...

Marx, o Groucho, meditando furiosamente para votar NELA!



Tuesday, June 08, 2010

Olhando e ouvindo, de Heráclito a Narciso...



Tudo tem de ter uma explicação Só os preguiçosos mentais dizem o contrário. O que não sabemos, saberemos um dia, são favas contadas. Se LiaBBB  quer que os outros a vejam, se Dilma já viu, deixou de ver e voltou a ver, se o cara do anúncio das conexões Tigre tenta embromar o cliente com o "veja bem", se o Keiser e seus asseclas não querem ver porque lhes convém, se Tirésias viu o que não devia e não voltou a ver, se Saramago esqueceu-se de incluir a si mesmo no próprio ensaio, enfim, se a turma toda está chafurdando semanticamente na área oftalmológica, é porque algo de estranho se passa no reino da comunicação visual, certo? Erradíssimo! Nossa análise detectou o ponto fulcral de tantos tropeços na vida dos olheiros e…pasmem! a questão é  também AUDITIVA! 
Ninguém parece perceber, mas ver e ouvir são a mesmíssima coisa. VEJAM bem: ver nada mais é do que ouvir com os olhos e vice-versa! Ver imagens e ouvir sons são rigorosamente a mesma tentativa de capturar algo que está logo aí, esperando para nascer.
A imagem fala, o som projeta imagens na mente, tudo não passa de óbvia sinestesia, à espera de Godot... Ah, de repente surgem os perplexos profissionais, tacapes na mão, afirmando que são sentidos diferentes, que "está provado", por isso mais aquilo, que ver é ver e ouvir é ouvir, sem compreenderem que não "viram" o essencial: a simultaneidade desses eventos garante o valor do que foi capturado. Se alguém vê, mas não ouve, não entendeu nada, e o inverso é verdadeiro. 
Ouçam bem, estamos falando de um plano que não se limita ao corpo, aos órgãos que nos situam no universo. Estamos falando de formação de um sentido, de um significado, de um percurso lógico, um encadeamento de elos indispensáveis à compreensão autêntica, não um mero registro de impressões fragmentadas, fenômeno típico da atualidade pós-"muderna", repleta de informações em ritmo acelerado e nenhuma decodificação decente das mensagens implícitas. As pessoas estão-se tornando zumbis bobalhões, cuspindo pedacinhos esparsos de uma totalidade cuja dimensão lhes escapa, em proporção geométrica, cada vez que eles engolem, sem digerir, uma palavra-clichê aqui, uma frase twitada acolá, uma entrevista desconjuntada no telejornal tal, uma saraivada de chavões neuróticos e/ou ideológicos em sala de aula, nos botecos apinhados de risos estúpidos, sob as escadas de um prédio cinzento, nos becos entristecidos, nas ladeiras solitárias, nos aglomerados uivantes, nas platéias hipnotizadas, nas esquinas previsíveis, nos horizontes vorazes…

Em suma, quando alguém implora para ser visto, está, no duro no duro, como diria Holden Caulfield, querendo ser OUVIDO, compreendido, decifrado, identificado, trazido à existência, melhor ainda, ESPELHADO. Tá forte? Mandem um e-mail para narciso@olimpo.gr, aos cuidados de Heráclito, cujo fragmento 34 reproduzimos na saideira:

     Ouvindo, parecem surdos; o ditado lhes diz respeito: presentes, estão ausentes.


(Tradução, diretamente do grego antigo, da musa das "óticas do povo ateniense": "olhando, não viram - porque não olharam! - e deixaram de olhar para não ver o que voltaram a ver, porque eu, particularmente, também não vi!")


Imagem1:o verdadeiro bom velhinho, Heráclito, praticando a visão interior e a torcida pelo Vasco - os olhos bem fechados são para contrariar Stanley Kubrick.
Imagem2: Narciso procurando peixinhos no fundo do lago, enquanto a ninfa Eco, coitada, fica... olhando, completamente abestada...


Marx, o Groucho, juntando os caquinhos dos "fragmentos" para sua tese de pós-pós.




Tributação e mico internacional do Keiser...

Ter paciência é preciso. Aí vai, diretamente do Alerta Total - http://www.alertatotal.net/ -, o inacreditável montante tributário que os bananenses pagam sem chiar porque porque não querem - ó céus, de novo? - VER... Tentem conferir.

"Confira a lista de tributos que pagamos no Brasil, nos últimos anos, - segundo o site da Aclame.
* Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante - AFRMM - Lei 10.893/2004
* Contribuição á Direção de Portos e Costas (DPC) - Lei 5.46 1/1968
* Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FNDCT - Lei 10.168/2000

* Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), também chamado "Salário Educação"
* Contribuição ao Funrural
* Contribuição ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) - Lei 2.613/1955

* Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT)
* Contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena Empresa (Sebrae) - Lei 8.029/1990
* Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Comercial ( SENAC) - Lei 8.62
1/1946
* Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado dos Transportes ( SENAT) - Lei 8.706/1993
* Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI) - Lei 4.048/1942
* Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Rural (SENAR) - Lei 8.315/1991

* Contribuição ao Serviço Social da Indústria (SESI) - Lei 9.403/1946
* Contribuição ao Serviço Social do Comércio (SESC) - Lei 9.853/1946
* Contribuição ao Serviço Social do Cooperativismo (SESCOOP
)
* Contribuição ao Serviço Social dos Transportes (SEST) - Lei 8.706/1993
* Contribuição Confederativa Laboral (dos empregados)
* Contribuição Confederativa Patronal (das empresas)
* Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico - CIDE Combustíveis - Lei 10.336/2001

* Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública - Emenda Constitucional 39/2002
* Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional - CONDECINE - art. 32 da Medida Provisória 2228-1/2001 e Lei 10.454/2002
* Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF)
* Contribuição Sindical Laboral (não se confunde com a Contribuição Confederativa Laboral, vide comentários sobre a Contribuição Sindical Patronal)

* Contribuição Sindical Patronal (não se confunde com a Contribuição Confederativa Patronal, já que a Contribuição Sindical Patronal é obrigatória, pelo artigo 578 da CLT, e a Confederativa foi instituída pelo art. 8º, inciso IV, da Constituição Federal e é obrigatória em função da assembléia do Sindicato que a instituir para seus associados, independentemente da contribuição prevista na CLT)
* Contribuição Social Adicional para Reposição das Perdas Inflacionárias do FGTS - Lei Complementar 110/2001

* Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS)
* Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
* Contribuições aos Órgãos de Fiscalização Profissional (OAB, CRC, CREA, CRECI, CORE, etc.)
* Contribuições de Melhoria: asfalto, calçamento, esgoto, rede de água, rede de esgoto, etc.

* Fundo Aeroviário (FAER) - Decreto Lei 1.305/1974
* Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (FISTEL) - lei 5.070/1966 com novas disposições da lei 9.472/1997
* Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)

* Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) - art. 6 da Lei 9998/2000
* Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização (Fundaf) - art.6 do Decreto-lei 1.437/1975 e art. 10 da IN SRF 180/2002.
* Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)

* Imposto sobre a Exportação (IE)
* Imposto sobre a Importação (II)
* Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)

* Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU)

* Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR)
* Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR - pessoa física e jurídica)
* Imposto sobre Operações de Crédito (IOF)

* Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)
* Imposto sobre Transmissão Bens Intervivos (ITBI)
* Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD)* INSS - Autônomos e Empresários

* INSS - Empregados
* INSS - Patronal
* IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)

* Programa de Integ
raçã
o Social (PIS) e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP)
* Taxa de Autorização do Trabalho Estrangeiro
* Taxa de Avaliação in loco das Instituições de Educação e Cursos de Graduação - lei 10.870/2004

* Taxa de Classificação, Inspeção e Fiscalização de produtos animais e vegetais ou de consumo nas atividades agropecuárias - Decreto Lei 1.899/1981
* Taxa de Coleta de Lixo
* Taxa de Combate a Incêndios

* Taxa de Conservação e Limpeza Pública
* Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental - TCFA - lei 10.165/2000
* Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos - lei 10.357/2001, art. 16
* Taxa de Emissão de Documentos (níveis municipais, estaduais e federais)
* Taxa de Fiscalização CVM (Comissão de Valores Mobiliários) - lei 7.940/1989
* Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária Lei 9.782/1999, art. 23
* Taxa de Fiscalização dos Produtos Controlados pelo Exército Brasileiro - TFPC - lei 10.834/2003
* Taxa de Fiscalização e Controle da Previdência Complementar - TAFIC - art. 12 da MP 233/2004
* Taxa de Licenciamento Anual de Veículo
* Taxa de Licenciamento para Funcionamento e Alvará Municipal
* Taxa de Pesquisa Mineral DNPM - Portaria Ministerial 503/1999
* Taxa de Serviços Administrativos - TSA - Zona Franca de Manaus - lei 9960/2000
* Taxa de Serviços Metrológicos - art. 11 da lei 9933/199 9
* Taxas ao Conselho Nacional de Petróleo (CNP)
* Taxas de Outorgas (Radiodifusão, Telecomunicações, Transporte Rodoviário e Ferroviário, etc.)
* Taxas de Saúde Suplementar - ANS - lei 9.961/2000, art. 18
* Taxa de Utilização do MERCANTE - Decreto 5.324/2004

* Taxas do Registro do Comércio (Juntas Comerciais)
* Taxa Processual Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE - Lei 9.718/1998

Faltaram na listinha aí em cima as "taxas" bancárias, dos cartórios, das viagens, dos automóveis, dos cartões de crédito... Como se vê, a impostura brasileira pune a cidadania e o consumo – e não a renda, como deveria. Aqui, o investimento é tributado. O Brasil - como elogiou Lula - cobra carga tributária no padrão de
 primeiro mundo. O problema é que fornece serviços e contrapartidas de terceiro mundo. E vamos nós sustentando o empreguismo, a corrupção e o desperdício de dinheiro na máquina pública de moer gente...
Se você conseguiu chegar até o final deste longo artigo, sem ficar PT da vida com tanta impostura, parabéns. Continue bancando o otário e não proteste contra tantos tributos que é obrigado a pagar no Brasil, enquanto o maravilhoso Estado Capimunista – defendido por $talinácio – continua a lhe sonegar o que é essencial."


Enquanto isso, em Gotham City, ou melhor, naquele país que é ainda a única democracia do Extremo Oriente, o "Casseta e Planeta" israelense - com ares, talvez mais adequados, de TV-Pirata - homenageia nosso infalível guia dusoprimido com esta caricatura de seus micos monumentais:





Marx, o Groucho, afiando a katana...
PS: aguardem, nos próximos infindáveis capítulos, a análise da incrível epopéia visual em que nos encontramos!



Sunday, June 06, 2010

Alguém conseguiu VER! Soninha Francine tem caráter.




Ultimamente este blog não tem conseguido sair da área semântica relativa aos olhos, à visão, à cegueira oportunista, miopia gagá, escotomas de todos os graus, enfim, um festival oftalmológico! E melhor, ao que parece, tão cedo abandonaremos esse fascinante tópico, patrocinado por Tirésias, um dos mais célebres deficientes visuais da literatura universal, cabo eleitoral de Édipo. É impressionante como a sincronicidade bate à nossa porta sempre que nos voltamos para o óbvio, nesse caso, a absoluta falta de visão em que Banânia, não é de hoje, anda tropeçando. OLHEM só esse texto, dando conta da metanóia por que passou a jornalista Soninha Francine, um raro caso de honestidade ou arrependimento explícito. O único negrito do texto é nosso, naturalmente...


"Leandro Dalle questionou a Soninha Francine sobre seu apoio ao Serra. Enviamos a mensagem e ela nos enviou a seguinte resposta:
Leandro, posso explicar, sim. Talvez não em poucas palavras, mas em muitas informações sobre o que vi, vivi e aprendi nos últimos anos. Pra não deixar sem nenhuma resposta agora, posso resumir assim:
Descobri que o meio em que eu vivia - de petistas - inventava muitas barbaridades sobre o Serra. Por que o Serra? Não sei, talvez porque ele tenha sido o candidato do governo à sucessão do Fernando Henrique, portanto rival direto do Lula na disputa presidencial... Porque os petistas já pintavam os tucanos como o fel da terra (e eu, mesmo quando era do PT, achava isso um pouco absurdo), e o Serra como o próprio Satanás. Só que os fatos, mesmo vistos de longe, já desmentiam algumas coisas que diziam sobre ele: como ele podia ser "queridinho" da grande mídia quando comprava briga contra a publicidade de cigarro, por exemplo - que era uma baita fonte de receita para os meios de comunicação? E como ele era parte da elite imperialista internacional, quando foi à OMC e lutou contra os "lobbys" e cartéis da indústria farmacêutica, conseguindo as quebras de patente em nome da saúde pública dos países mais pobres?
Mesmo com esses fatos, eu acreditava nas versões do PT... Afinal, o PT era o meu partido, eu tendia a concordar com tudo... Pensava: "Ok, eles fez uma ou duas coisas importantes, corajosas, mas nem por isso é uma pessoa decente". O PT dizia que ele era covarde, porque tinha "fugido" da ditadura... Que era um manipulador ardiloso, porque "armou" um flagrante pra Roseana Sarney (se bem que eu já pensava naquela época: o marido da Roseana Sarney tem um milhão e meio de reais de origem desconhecida e a culpa é do Serra?).
Enfim, eu o detestava. Até ser vereadora e ele, prefeito. E descobrir que o demônio que pintavam não era nada daquilo. Mal-humorado, impaciente, carrancudo, ríspido demais às vezes? Sim. Mau caráter? Não.
Em 2005, começo do meu mandato, o Serra me recebeu (a meu pedido), ouviu atentamente tudo o que eu disse e reconheceu que estava equivocado em algumas medidas que havia tomado como prefeito. Na manhã seguinte, desfez o que tinha feito. Depois, me procurou inúmeras vezes para perguntar de assuntos que acreditava que eu conhecesse melhor do que ele - políticas de juventude, meio ambiente, cultura. Cansei de vê-lo pedindo idéias, sugestões, opiniões. O contrário do que diziam dele...
Enquanto isso, o PT - que era o meu partido - continuava inventando, mentindo. Uma barbaridade. Analisava um projeto de lei enviado á Câmara pelo prefeito, concluía que o projeto era muito bom e... No plenário da Câmara, fazia DE TUDO para barrar o projeto. Saía do plenário para não dar quórum, subia na tribuna e passava meia hora falando horrores de um projeto que TINHA CONSIDERADO BOM - apenas para prejudicar "os tucanos" na eleição seguinte. Mesmo assim, mesmo no meio da guerra mais suja - petistas espalhavam mentiras para assustar a população, uma coisa realmente horrorosa - se chegasse um Projeto de Lei de um vereador do PT e ele considerasse o projeto bom para a cidade, ele sancionava (isto é, aprovava). E se chegasse um Projeto de Lei de um vereador do PSDB e ele considerasse o projeto ruim para a cidade, ele vetava. Aliás, nós ficamos amigos, e ele... vetou vários projetos meus. Ou seja, um comportamento REPUBLICANO, de respeito à Casa Legislativa e ao interesse coletivo. Mas o PT continuava espalhando que ele era autoritário, mentiroso, privatista, neoliberal... E que era repressor, "inimigo dos pobres", "amigo das elites", tudo de pior no mundo.
Mas o Serra ia fazendo coisas muito legais na cidade - criou a Coordenadoria da Diversidade Sexual, a Secretaria da Pessoa com Deficiência... O Centro de Juventude da Cachoeirinha, que é do cacete... Pegou um esqueleto que estava lá abandonado desde o Janio Quadros e fez um troço muito legal. Terminou o primeiro trecho do maldito Fura-Fila do Pitta, que também estava abandonado. Voltou atrás na história dos CEUS - porque essa foi uma das coisas que eu consegui convencê-lo de que ele estava errado - e mandou fazer vários outros, mantendo o nome "CEU" (bandeira da Marta...). Idem com os Telecentros - que os petistas diziam que ele  ia "destruir", transformar em Acessa São Paulo, que era bem diferente... Criou a Virada Cultural. Fez os benditos hospitais de Cidade Tiradentes e do M'Boi Mirim - que o PT anunciava que a Marta tinha feito, quando na verdade ela não tinha começado nem a cavar o alicerce... Sem falar que a Marta, que passou os 2 primeiros anos de seu governo sanando as contas da prefeitura detonadas pelo Pitta, passou os dois últimos anos destroçando as contas da prefeitura - e deixou dívidas absurdas, contratos temerários de 20 anos assinados "no apagar das luzes"... O Serra deu muita força para a Secretaria do Meio Ambiente, que sempre era das mais pobrezinhas. E chamou para trabalhar com ele pessoas que tinham trabalhado com a Marta, sem a menor hesitação, sem rancor e ressentimento, porque considerava que elas eram competentes.
Enfim,
eu vi, eu testemunhei condutas absurdas do meu partido - e condutas admiráveis do Serra, que o meu partido pintava como o enviado do capeta.
Resultado: (lembre-se, este é um resumo, a história completa é uma enciclopédia) saí do PT, que foi se distanciando barbaramente dos ideais que pregava, adotando o "vale tudo" (pra governar, pra ser oposição), e fui para um partido de oposição. Que hoje apóia o Serra para presidente, assim como eu.
E eu nem falei do governo do estado... De mais uma seqüência enorme de mentiras e terrorismos, como de costume ("ele vai privatizar o metrô!"; "ele publicou decretos para acabar com a autonomia universitária!"), e, da parte dele, realizações admiráveis, mais ainda para quem ficou 3 anos e pouco no governo (e 1 ano e meio na prefeitura). Uma lista de pontos em que a atuação dele me agrada muito: trens metropolitanos, metrô, meio ambiente, cultura, pessoa com deficiência... E outros mais.
Se você odeia o Serra como eu odiava, eu sei que não vai mudar de idéia assim tão fácil. Não tenho essa pretensão. Mas gostaria que você acreditasse em mim: é com muita convicção que eu voto nele, baseada nos meus 6 anos de vida mergulhada integralmente na política.
Abração
Soninha" 

(direto ao link:http://www.semretoques.com.br/2010/06/soninha-francine-abe-o-jogo.html)


Uau, até ressoa a depoimento de "Viver a Vida", a falecidíssima novela global: alguém dá um tropeço, levanta e dá a volta por cima. No caso, a criatura estava drogada - era uma ptdependente - e não sabia. Contudo, um dia ela enxergou, percebeu e entendeu. Lindo. Faltam só alguns milhões de pessoas para passar por isso. Santa Luzia, capricha aí!
Imagem: o bom ceguinho, Tirésias, que não via, mas voltou a ver - sem ver - etc., explicando as eleições de Banânia, em uma daquelas tragédias gregas...


Marx, o Groucho, marcando hora no oftalmologista.





Ensaio sobre o escotoma que o Saramago não...viu!



Pois é, a coisa está em toda parte. Surge nas frases mais corriqueiras, como um sintoma escancarado, um ato falho crônico, um "óia eu aqui!" de dar inveja à Lia do BBB, com aquela mania incômoda de mandar olhar nos olhos, enquanto aquela outra criatura candidata se preocupa terrivelmente com o "vê se vê, parei de ver, eu vi de novo etc.", toda aquela parafernália visual que vocês... já viram! Só que não adianta espernear, o escotoma tá brabo, ninguém está vendo nada, Saramago perdeu o tempo literário dele com o ensaio sobre a cegueira (onde ele se inclui.), uma metáfora e tanto. Nunca antes nestepaiz precisou-se tanto de oftalmologista! Quando dissemos que o cara da moda é Orwell, com suas já velhas denúncias sobre métodos totalitários de persuasão por osmose involuntária, só queríamos insistir no óbvio ululante de Nelson Rodrigues que, infelizmente, tinha uma filha deficiente visual, mas enxergava longe: "tá tudo dominado" quando a língua incorpora o produto de falsos silogismos como se fossem axiomas, provavelmente também "achados nas ruas".
VEJAM bem o que disse Celso Roth, técnico do combalido Vasco, para não sairmos da área lusitana  que nos é tão cara: 
"No Vasco, jogadores e comissão técnica se dividem entre o otimismo e a tensão. Mesmo cientes de que o time já evoluiu sob o comando de Celso Roth, a proximidade da zona da degola cria a necessidade de resultados imediatos. Por ora, o time pede licença a qualquer ideal de futebol bem jogado.
– Vivemos numa sociedade capitalista, agimos sempre em função dos resultados. O importante para o Vasco é somar pontos."

Deu para entender as conexões tigre? Não deu? Então vamos por partes, em homenagem ao indefectível Jack (não necessariamente o de Titanic ou, menos ainda, o de Piratas do Caribe, péssimos negócios capitalistas para embromar o povo), mas o que fazia picadinho das prostitutas de Londres no século XIX, em protesto contra a coroa britânica, crimes todos praticados em nome do capitalismo pré-moderno, segundo o consenso do Itamaraty republicano e incontáveis professores de Estudos Sociais, rótulo da "novilíngua" que substituiu antigas matérias burguesóides chamadas - estranhamente! - de História e Geografia:
1 - devemos entender que numa outra sociedade - adivinhem qual ... - , mais perfeita, clone de um "mundo melhor", a vagabundagem geral passaria ao largo dos resultados porque não haveria competição, certo? Certíssimo. Numa sociedade perfeitamente totalitária, o Estado engole todos os competidores. Só ele aparece na foto, só ele tem os lucros, só ele tem a chave do cofre, mas nunca sabe de nada, é claro, porque os grandes líderes trabalham muito e não podem perder tempo com essas abobrinhas de dar satisfação aos curiosos. Memória? ZERO.
2 - devemos entender que a desumana sociedade capitalista paga os tubos aos jogadores de futebol para eles se espreguiçarem de chinelinho em churrascos regados a rebolation enquanto o time vai para o raio-que-te-parta? Certíssimo. Numa sociedade mais perfeita, isso é impossível porque os resultados são cobrados apenas com prisão, morte acidental, sumiço de parentes etc., essas miudezas sem valor algum envolvendo a vida humana. Ah, não queiram esses ingratos atletas fugir dessa sociedade perfeita: são mandados de volta pra casinha pelo grande humanista presidente do país cocô-"hermano", vide boxeadores cubanos no pan-americano do Rio. Memória? ZERO.
3 - devemos entender que o "futebol bem jogado" é incompatível com a sociedade capitalista? Certíssimo.  Na sociedade mais perfeita, onde não há pressão por resultados, todos conseguem mostrar seu lado artístico nos gramados, pois jogam por puro prazer. Foi o que fez Anna Netrebko, ao casar com um uruguaio e residir na Áustria porque a pátria amada estava mais para madrasta do que para mãe. Estranhamente, fora de lá, ela canta por prazer e ganha muito dinheiro, coisas que são, como todo mundo sabe, rigorosamente incompatíveis. Memória? ZERO.
4 - devemos entender que o Vasco deveria ser transplantado para uma sociedade  mais perfeita, porque nela o clube jamais seria rebaixado para a segundona, e todos os seus torcedores seriam felizes para sempre? Certíssimo. A tal da maldita tensão desapareceria, pois isso é invenção capitalista e dá úlcera!!! Só haveria otimismo e "bolsa-capim" para eles pastarem à vontade, pois ninguém é da cortina de ferro! Memória? ZERO.
Resumo da ópera de Netrebko: cegueira faz bem pra burro porque na sociedade perfeita o Vasco não cai pra segundona e quem tem um olho é o líder do partido,  morô? Isso tudo merece uma tese de doutorado na USP tamanha a profundidade das entrelinhas!


Imagem: Anna Netrebko, cantora russa, olhos de colírio, olhando com cara de quem está realmente vendo ou verá, ou voltará a ver depois de ter deixado de ver, aquela coisa de sempre...
Marx, o Groucho, procurando os óculos.

Saturday, June 05, 2010

Só Sherlock Holmes salva - uma ode aos achados e perdidos...


Afinal, cá estamos, parafraseando Reinaldão: o que será a "língua portuguesa achada nas ruas"?  Ora, trata-se da prima-irmã de todos "os achados nas ruas" que pululam por aí, um fenômeno extraordinário cuja causa é uma só, o altíssimo, acachapante, alarmante índice de inconsciência coletiva em Banânia, segundo o simpaticíssimo C.G.Jung, outro dos nossos patronos itinerantes.
Vamos escarafunchar o conceito pelo método dedutivo de Sherlock Holmes: de onde vêm todos esses movimentos de uma nota só, qual é a premissa que subjaz essa idéia de que a massa, também conhecida como "populacho", mediante infindáveis assembléias, convescotes, videoconferências, seminários em praça pública, palanques de sindicatos e outros lugares de igual efervescência populacional, tem o democrático poder de ditar regras, leis e, sobretudo, a gramática da pátria-mãe, ao seu bel-prazer, devidamente monitorado por meia dúzia de líderes naturalmente iluminados pelos bons propósitos ideológicos? Adivinharam! Todo poder emana do povo! Só que há um pequeno detalhe crucial, o povo, tadinho, engloba todos os homens numa dada sociedade: ladrões, assassinos, mercenários, heróis, trabalhadores dedicados, canalhas, imbecis, sofistas, algumas pessoas inteligentes, milhões de asnos e de espertos, psicopatas, indivíduos sábios, não necessariamente nessa ordem. Portanto, quando se diz que o poder emana do povo, nada está-se dizendo de concreto, é discurso ao vento, palavras ocas.
Uma das maiores falácias da paróquia "muderna" é criar a dicotomia entre povo e privilegiados, a famosa elite do nosso desvairado Keiser, como se toda a complexa esfera social pudesse se reduzir à indigência dessas duas categorias - ou classes, como querem os herdeiros daquele barbudo precursor de um dos maiores equívocos intelectuais do século XIX, o meu homônimo com furúnculos.
Para início e fim de conversa, "elite", em qualquer dicionário que ainda não esteja infiltrado de "novilinguistas", significa o melhor entre os melhores, a nata da nata, como diria a turma do Asterix. O que seria, então, a elite de uma sociedade? Não é preciso recorrer aos filósofos gregos para responder: os mais preparados, os mais moralmente intactos, os mais dotados de clarividência a respeito dos assuntos realmente significativos para a vida do grupo social e dos rumos a tomar a partir dessa consciência.
A contrapartida desse conceito é escória, que existe rotineiramente em qualquer conglomerado de seres  humanos. O que vemos há muito tempo em Banânia, entretanto, é escória, não elite,  e com as rédeas na mão - pior, com a chave do cofre... Mas... ora, ora, que coisa interessante: num golpe de retórica tipicamente dialético, podemos afirmar que o que temos por aqui é a elite da escória, pois não?
É fácil, sob essa ótica, entender o que está por detrás dos panos falaciosos das pessoas que tentam esconder a nata da escória sob o argumento-chavão de que eles todos são iguais, interessante uso daquela rançosa e onipresente embromação sobre "igualdade", que caracteriza o discurso hipnótico dos populistas locais, especialmente em ano eleitoral. Não, não são iguais, coisíssima nenhuma! Eles, na verdade, são "mais iguais do que os outros", como diria George, o rei da floresta, digo, granja!, dos "bichos revolucionários". São a nata da nata da calhordice, os pós-graduados em canalhice, os supremos cara-de-pau, os cínicos que Cícero denunciaria ao senado romano sob chuvas de oratória convincente, talvez as "petelinárias" - bem, isso não adiantaria muito por aqui, pois o cara falava latim e a platéia de hoje mal fala o tal do "português achado nas ruas". Elementar.
A tentativa de colocar todas as pessoas num mesmo patamar - digamos assim, de maus hábitos comportamentais - não passa de uma manobra verbal tosca, que atira no mesmo saco elementos que estariam em relação lógica de exclusão ou de intersecção, trocando-as convenientemente por outra, de identidade. Traduzindo diretamente para o bê-a-bá da "lógica achada nas ruas", é o mesmo que jogar a água para fora da bacia com a criança junto, primorosa analogia para mentes confusas. Trata-se de um caso escandaloso de pé-na-bunda nas diferenças, uma ode à geléia geral! Que conveniente, não é mesmo, meu caro Watson?...
Trocando em miúdos: a origem das espécies em Banânia, contrariando aquela churumela de Darwin, produziu uma nova espécie, a elite-da-escória, constituída por gente que se esconde por detrás dos mais fracos, "dusoprimido", eliminando, aos poucos, qualquer chance de sobrevivência de algo um pouquinho melhor. O sintoma mais claro dessa involução apoteótica é o estupro da língua, espelho perfeito da vagabundagem intelecto-moral que assola estas plagas.
Ó, santa ironia! Ninguém desmente melhor a teoria de Darwin do que o povo de Banânia, um apavorante caso de decadência sem apogeu, em processo aceleradíssimo. Em breve, todos perderão o polegar opositor, sem maiores alusões a mindinhos, que, metaforicamente, já perderam há tempos, distraidamente...


PS: aliás, vocês sabiam que "candidato" tem a ver com "cândida", que tem a ver com inocência, pureza, alvura? Eis aí mais um significado, dessa vez perdido, nas ruas.


Imagem1: Sherlock Holmes, chiquerésimo, procurando a lógica em Banânia.
Imagem2: Circe, a feticeira candidatíssima, batendo papo com os futuros cidadãos bananenses.


Marx, o Groucho, procurando o passaporte vencido

Thursday, June 03, 2010

Sobre o mito da isenção e outras maracutaias retóricas...



Ano de eleições, mídia assanhada. Os velhos clichês dos botequineiros profissionais - aqueles que se dedicam 24 horas ao discurso de boteco como se estivessem passeando com Aristóteles no baixo Atenas- voltam à baila, destacando-se, sempre, entre eles, a estorinha sobre "isenção". O que seria isso, segundo os hipnotizados de Banânia? Seria não ter  "lado", não ter posicionamento algum, não expressar juízo de valor sobre nada, em suma, comportar-se como uma ameba profissional estrategicamente empoleirada na lâmina do microscópio. Trata-se de uma exigência feita, especialmente, por pessoas que fazem exatamente o contrário, justo porque, no fundo, no fundo, têm... "lado"! Omitem informações, editam o que lhes convém, retiram, do contexto original, frases, palavras  soltas e imagens que, após essa dantesca cirurgia verbal, invariavelmente, assumem o significado oposto, mandando, assim, para as calendas gregas, qualquer possibilidade de um ingênuo buscador da verdade encontrá-la com facilidade. Mas...  - sabe cumé? - um gênio da comunicação assegurou aos bichos-preguiça que "não há fatos, somente versões". De preferência, as deles, é claro...

Um dos patronos desse blog, George Orwell, já tinha a perfeita noção dessa manobra espúria, denunciando-a, há décadas, tanto em A revolução dos bichos quanto em 1984, suas obras mais significativas. Na segunda,  ele cria a novilíngua (newspeak, no original), instrumento do estado totalitário - representado pelo onipresente Big Brother -  visando ao controle mental da população, cuja característica básica era a construção de um vocabulário novo, paralelo à eliminação do antigo, o que era feito por meio de sistemática desconstrução semântica, cujo resultado certeiro era uma extensa lavagem cerebral. Nesse tipo de situação, todo mundo tem um "lado só": não existe oposição, questionamentos, um discurso contraditório que "acorde" as pessoas para a análise do que acontece ao seu redor. Et voilà! Cá estamos de volta à terrinha da "isenção", a senha perfeita para ocultar… a censura! Sob a fachada de um comportamento supostamente ético - como se essa gente doentia estivesse preocupada com a importância disso -,  a turma que ama de paixão a democracia, tanto quanto os passarinhos apreciam os gatos, cala a boca dos que pensam vagamente em contestar o palavrório que pulula (êpa!) na imprensa de todos os matizes. Por que "o palavrório" e não os fatos em si? - perguntaria um filósofo alemão, daqueles bem velhinhos, sempre preocupado com os detalhes irrelevantes. Caro senhor, responderíamos, porque, por mais esquisito que pareça aos distraídos, não existem "fatos" na mídia, somente textos que deveriam narrá-los de forma honesta, numa clave denotativa. 

Tá confuso? Marx, o Groucho, explica: quando a patrulha ideológica grita, exige, cobra "isenção", ela está tentando intimidar os comentaristas que fazem uma leitura mais lógica, mais coerente sobre a narrativa dos acontecimentos que nos chegam aos olhos e ouvidos travestidos de texto jornalístico. Eis aí o ponto fundamental: a autêntica isenção reside no exercício da lógica, que não é exatamente a praia dessa gente regada à prostituição verbal, um cruzamento nada acidental de indolência macunaímica com anos de doutrinação escolar estúpida.  Ai, que preguiça…
Estamos de novo às voltas com a lógica, essa coisa impertinente, cansativa, raramente detectada em dissertações de mestrado e doutorado em Banânia! Sim, impertinente porque é o único instrumento à mão para escarafunchar o bolor das bobagens, desmascarar o visgo das mentiras, desnudar a fantasia delirante dos psicopatas. A mesma lógica que, por exemplo - uma vez que este blog não pratica a "isenção" segundo o estatuto da gafieira midiática, mas a isenção à luz dos ditames do fio de Ariadne -, encontra-se a mil anos-luz da fala alucinógena, misto de papagaio-de-pirata e sonambulismo gagá, da musa daqueles que Orwell, se vivo fosse, arrolaria na classe dos "isentos que seriam mais isentos do que os outros", a imbatível Miss Anacoluto! 

Num capítulo próximo, o fabuloso método de se atirar fora a água da bacia com a criança junto, hehehe...
Imagem: "isentos" fuzilando os do lado de lá...

Marx, o Groucho.