Monday, November 20, 2006
Mais burocracia acadêmica....
O comentário abaixo foi-me enviado por uma colega acadêmica. Vale a pena olhar, esta discussão é importante.
A Capes quer mudar os parâmetros e, de novo, usar critérios quantitativos. Agora será adotado o valor 1.5 para parâmetro de Impacto das revistas, ou seja, só valem artigos publicados em revistas com esses parâmetros - número de leitores acima de X-. Agora, suponhamos que a área seja Lógica. Impossível alcançar este parâmetro. Existem um 100 leitores do assunto no Brasil. Filosofia, Química, assuntos mais difíceis, não são lidos. Não há quem leia. O problema está em artigos de má qualidade, em panelinhas, em pessoas que publicam coisas irrelevantes.O problema está no critério de pontuação da Capes!Esta medida reforça as panelinhas e não resolve o problema de pessoas que publicam lixo só para pontuar. As panelinhas serão reforçadas e quem publica lixo vai continuar publicando. O que precisa ser feito é reforçar os conselhos das revistas ou uma análise da qualidade dos artigos publicados. O critério não pode ser quantitativo e deve ser qualitativo.
Oriane, cara,
um dos maiores responsáveis por este descalabro ao qual você tão eloqüentemente se refere é o sistema de pontuação do Currículo Lattes, que pontua exlusivamente a quantidade. Artigos de duas páginas em risíveis revistas nacionais valem o mesmo que outros de vinte em revistas internacionais de altíssimo prestígio. Tenho o desprazer de conhecer profissionalmente uma pessoa, também ela chefe de departamento, que costuma computar entrevistas que realiza na revista que ela própria edita como "artigos", em seu Lattes. Tem vários artigos, esta pessoa. E por aí vai.
Nos concursos públicos para professor, similarmente, um diploma doutoral da Sorbonne vale o mesmo que um da universidade de Sorocaba (ou afins). Naturalmente, hoje em dia a maioria dos acadêmicos prefere realizar o doutorado no Brasil, aproveitando o tempo para costurar a armação do seu concurso, do que viajar para o exterior e fazer um doutorado sério (é como a dança das cadeiras; ausentar-se por quatro anos pode significar não ter onde sentar, quando acabar a música).
Caríssima Oriane, o panorama intelectual nacional é deprimente.
Oriane
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2 comments:
Oriane, é como o Nemerson colocou: buRRocracia acadêmica.
Logo logo publicarão artigos em gibis e pontuarão.
Será que se você publicar em seu blog também não conta? Se a tal pode publicar na revista dela, que tal publicar na sua?
Tô brincando... o que queremos não é jogar pela regra deles, é pregar e zelar pela retidão - sempre - e isso está ficando cada dia mais difícil.
Abraços
Oriane:
fico grato pela sua visita no meu bloguinho e o seu comentário. Eu fiz o mestrado em Direito na UFSC, onde também fiz a graduação. A sua preocupação é pertinente e, de modo algum desejo desqualificar os outros ramos do saber. Ocorre que, fora o Direito (aqueles de bom nível, e não essas escolinhas que são abertas por aí todos os dias) pela sua natureza já é um antítodo contra o esquerdismo que domina as áreas de humanas. A culpa pelo descalabro dos cursos e a produção do besteirol acadêmico, lamentavelmente, encontra-se principalmente na área das humanidades. Entretanto respeito os intelectuais sérios, particularmente aqueles que cuja produção acadêmica pauta-se pelo marco da ciência. Como ironizava Max Weber, quem quiser ter visões que vá ao cinema e a cátedra não é palanque de políticos.
Aluízio Amorim
http://oquepensaaluizio.zip.net
P.S.: Seu blog está muito bom.
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