Saturday, May 05, 2007

Uma rosa é uma rosa, é uma rosa...


Voltando a nossa mania de falar sobre semântica em doses homeopáticas, lá vai uma observação que pode ser valiosa para muita gente boa que gosta de se expressar - digamos... - objetivamente, uma verdadeira ofensa num mundo onde impera o solepcismo esquizóide, regido pelas forças ocultas dos chupadores de cérebro.
Algumas pessoas reclamam, com aquele ar fajuto de vestal estuprada, quando alguém, por exemplo, num debate ou num texto crítico, adjetiva fulanos e beltranos de "idiotas, estúpidos, debilóides, retardados" etc. Essa turma reclamante - sempre politicamente correta, é claro! - acha que tais rótulos são xingamentos, preconceitos, exageros verbais imperdoáveis, merecedores de repúdio em praça pública. Eles não sabem que "xingamento", "desqualificação do outro" e congêneres equivalem a uma manifestação emocional que se caracteriza, justamente, por rebaixar, distorcer, perverter a imagem daquele que se quer atingir, dado que o contexto é exatamente esse, nele não há nenhum desejo de precisão racional, pelo contrário, o irracionalismo costuma acompanhar religiosamente tais surtos emotivos. Aliás, essa é uma das funções da linguagem, a que funciona como uma válvula de escape. Portanto, num ataque de raiva, é perfeitamente cabível alguém xingar um Einstein de "energúmeno"... A distorção é proposital, a intenção é ofender.
Tudo isso cai por terra quando estamos às voltas com pessoas assertivas - sempre taxadas de "agressivas" pelos pacifistas de meia tigela - que, longe de estarem em estado de privação dos sentidos, estão simplesmente dando nome aos bois (Ah, meus queridos, pastando por aqui de novo!), ou seja, estão chamando pedra de pedra, gênio de gênio, imbecil de imbecil.
Essa é a diferença, e a isso se convencionou chamar de constatação. Constatar que alguém age como retardado só pode levá-lo a ser nomeado como tal: não é insulto, é mera constatação, não é preconceito, é conceito perfeitamente ajustado à realidade. A frase emblemática da constatação-mór deve ser, sem dúvida, a que consagrou a escritora Gertrude Stein na esfera literária - já que seus textos não eram lá grande coisa -, a muitíssimo parafraseada uma rosa é uma rosa, é uma rosa...
Dessa forma, não se xinga ou se desrespeita nosso Keiser quando o chamamos de apedeuta, pois essa é a sua natureza. Estúpido seria chamá-lo de Thomas Alva Edson, o inventor da lâmpada! afinal, o que falta ao nosso guia é justamente luz...
Assertivos, uni-vos!
Imagem: Picasso - retrato de Gertrude Stein

Marx, o Groucho

2 comments:

Anonymous said...

As modas passam, só Picasso dura...

patricia m. said...

Patricia M., presente!
:-)

Adoro quando o Olavao chama os (merecidamente) merdinhas de merdinhas, hahahaha.