A Constituição prevê juros de 1% ao mês, uma aberração incrível, em termos de texto constitucional; ninguém sabe disso, e quem sabe não liga, pois toda lei, burra ou não, é para ser violada.
O Código Penal prevê um horário para obras - de segunda à sexta, de nove da matina às cinco da tarde, com uma hora de almoço -; todos ignoram isso e batem, loucamente, na sua cabeça estressada, nos feriados, aos sábados, a qualquer hora, porque querem acabar logo a obra.
É ilegal cobrar juros sobre juros; os bancos e as administradoras de cartão de crédito fazem isso rotineiramente, apesar de todas as sentenças judiciais dando ganho de causa aos raros reclamantes que, num ataque de lucidez, reclamam dessa prática abusiva.
Há um "Tribunal de Pequenas Causas", que foi instituído para agilizar a solução de querelas de pouca complexidade jurídica; atualmente a espera é tão longa e as decisões judiciais tão proteladas quanto às do outro Tribunal - o enroladinho. Ou seja, deu tudo no mesmo beco burro.
Inventam uma tal de conversão ao gás natural, aplicando o maior golpe de estelionato coletivo dos últimos anos, a ponto de um parafuso ser cotado a vinte reais - repetimos: VINTE REAIS - na conta dos serviços prestados, à revelia do consumidor, pois, sem eles, o fornecimento é cortado; ninguém percebeu o golpe, ninguém "abraçou lagoas" protestando contra tal violência, ninguém ousou dizer BASTA!
Os governantes de todas as castas inventam mil projetos bombásticos, meros truques demagógicos, pretextos para falcatruas inomináveis; eles caem em completo esquecimento num estalar de meses.
Armam-se CPIs como um espetáculo de pão e circo; todos saem incólumes, inclusive os leões. Sorria, você está em Banânia!...
O Demo veste verde e amarelo. Ele é brasileiro, não Deus. Chamem Guimarães Rosa e seu redemoinho literário, pois "este país" ainda é sertão!
—Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. (...) Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser — se viu —; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão: determinaram — era o demo.(...) O senhor tolere, isto é o sertão.
Rosa, em Grande Sertão: veredas.
Imagem: Nonada, exatamente onde vivemos.
Marx, o Groucho - pregando, desde já, desobediência civil.
1 comment:
Parabens pelo desabafo. As coisas no país estão caminhando mesmo para o inferno.
"É o diabo na rua, no meio do redemunho"
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