No meus tempos de criança, ouvia-se muito em família a expressão ataque de pelanca, algo equivalente à "ataque de frescura" nos dias atuais. É provável que tenha sido retirada de algum quadro humorístico da recém-nascida TV, ou de uma chanchada cinematográfica, em plena década de 50. As expressões - ou "bordões" humorísticos - que caíam no gosto das pessoas eram rapidamente absorvidos, entrando para o vocabulário cotidiano como gírias ou fraseados satíricos. O processo, hoje, é o mesmo, mas nem sempre as frases são tão expressivas como às daquele tempo. Pois bem, o constrangedor "espetáculo" proporcionado pelos distintos congressistas Clô e Cidinha é a perfeita síntese desse rebaixamento a que os habitantes de Banânia têm sido submetidos há décadas: uma progressiva e inexorável imbecilização, caracterizada por fortíssimos "ataques de pelanca": onipotência infantil, inflação do ego à última potência, esmagamento completo de qualquer possibilidade de crescimento real em direção ao senso de realidade, um verdadeiro hospício se expandindo a mil por hora, habitado por seres infantilizados - monstrinhos incapazes de virar gente grande! - que ignoram por completo o que se entende por autoridade, limite, ordem legal, organização lógica, responsabilidade.
Banânia hoje é um gigantesco palco onde atores tristemente caricaturais repetem estupidamente papéis de pífia concepção, numa rotina cujo enredo é encenado um milhão de vezes - sintoma típico de algumas patologias mentais - sem que ninguém ouse apontar o fenômeno, denunciar a farsa, mostrar o péssimo gosto da peça em cartaz, jogar um mísero ovo podre no elenco de última classe, berrar, enfim, que "o rei está nu".
Sim, a vida é uma arte eminentemente teatral, todos temos papéis a desempenhar. O problema é o mau gosto das tramas em que hoje somos obrigados a chafurdar, ou seja, o próprio nível da sociedade do espetáculo está ao rés do chão. O que se oferece ao olhar dos que ainda têm um fiapo de consciência é uma historinha vagabunda, totalmente previsível e enjoativa como novela da Globo. É enervante, é desesperador, é preocupante porque já está cheirando à prisão perpétua. Basta ver o código de Hamurabi do "Politicamente correto" e a censura galopante que ele introduz subliminarmente...
Ah, lembramos! É provável que a expressão ataque de pelanca tenha sido obra da musa das musas, Dercy Gonçalves, numa chanchada da Atlântida de saudosa memória. Naquela época, ainda mprovisava-se tudo com alguma graça, ingenuidade e inteligência. Hoje, até o próprio improviso é clichê...
Disgusting play!
Marx, o Groucho
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