Monday, December 11, 2006

Por que não choramos por Pinoche(t)...


Reinaldo Azevedo, mais uma vez, definitivo.
Achar que Pinochet já foi tarde é natural de qualquer humano sensível, que não compactua com ditaduras e assassinatos. E isso está além de ideologiazinhas de merda!
Isso é humanidade.
Ninguém, quaisquer que sejam seus fins, tem direito de matar, oprimir, suprimir direitos ou mesmo a vida.
Mas só se compreende isso quando se atinge um certo grau de espiritualidade, que está bem longe da barbárie.

Apreciem Reinaldo:

Indecorosos

Rá, rá, rá. Eles estão descontrolados, os cachorros! Os petralhas estão inconformados com o fato de eu não derramar lágrimas por Pinochet. Os canalhas, porque vivem lambendo as botas do defunto Fidel Castro e do coronel Hugo Chávez, acham mesmo que eu, “um direitista” (como dizem), preciso simpatizar com Pinochet. Defender o facínora seria o meu certificado de qualidade reacionário. Pois é. Não defendo. Não reconheço ditaduras virtuosas. Eles é que reconhecem. “Ah, então você é da direita fajuta”. Entendo a reação: é uma questão psicológica. Não suportam o fato de que eu não entenda a morte como instrumento para fazer política, já que eles entendem. Queriam que essa minha defesa lhes servisse de álibi. Um esquerdista não consegue ser autônomo nem para justificar o homicídio político: precisa ter uma direita que lhe conceda uma licença moral. Pois eu não concedo. Faço Pinochet e Fidel dançarem juntos no inferno — dois, vá lá, amadores na arte de que Mao Tse Tung e Stálin, os capetas-chefe, foram exímios profissionais. Fidel e Pinochet só são diferentes na "Latrinoamericana Enciclopédia Contemporânea", de Emir Sader, feita para esquerdistas analfabetos, não para democratas ou letrados. O facinoroso chileno tinha alguma memória do decoro e procurava negar seus crimes. Fidel, indecoroso além de igualmente criminoso, tenta transformá-los numa ética. Com a ajuda do "núcleo duro dos intelectuais do miolo mole", como escreve Veja nesta semana.


Oriane

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