Monday, December 11, 2006

Pinochet e Fidel : dois pesos e duas medidas


Bastante pertinente este artigo de Rodrigo Constantino, sobre o tratamento escandalosamente espúrio que a esquerda costuma dar a ditadores como Pinochet e Fidel, o amigo do peito do Keiser. Aqui, o texto na íntegra.

"A LONGA NOITE

Pinochet simbolizou um período sombrio na história da América do Sul; foi uma longa noite em que as luzes da democracia desapareceram. (Presidente Lula)

(...) São basicamente três os pontos relevantes que não devem ser ignorados com a morte de Pinochet: o contexto do seu golpe; o legado econômico; e a comparação com outros ditadores curiosamente idolatrados pela esquerda.

Comecemos pelo contexto do golpe em 1973. Salvador Allende era um revolucionário socialista que desrespeitava a Constituição chilena e lançava seu país no completo caos. (...)

Seu governo recebeu ajuda dos comunistas soviéticos para solapar de vez com a democracia no país. Allende, que enquanto ministro tentou adotar medidas nazistas como a eugenia, mostrou enorme desdém pelas leis e pelo Congresso quando eleito presidente. Chegou a afirmar que o importante era a revolução socialista, não a verdade. E com suas medidas, jogou a economia chilena na completa miséria, com enorme desemprego e queda de produção, concomitante a uma galopante hiperinflação.

(...) É preciso idolatrar muito mesmo o fracasso.

Fora isso, não há como negar o legado econômico deixado pela era Pinochet.(...)
Muito ficou faltando ainda para que o Chile fosse realmente um ícone do sucesso liberal, mas o choque dado já foi suficiente para transformar o país no melhor exemplo de estabilidade da região. A previdência, privatizada por Pinochet, é estudada pelo mundo todo como caso de sucesso. Da miséria total herdada da era Allende, o Chile passou para o país com os melhores indicadores econômicos após o período Pinochet. Tanto que quando veio a abertura política, os candidatos não ousaram mexer na “vaca sagrada”, mantendo o básico da trajetória econômica. (...)

Por fim, o que é totalmente incompreensível é alguém condenar Pinochet pela ditadura mas aliviar o pior ditador de todos da vizinhança, o carniceiro cubano. Fidel Castro perde, e muito feio, simplesmente em todos os aspectos se comparado a Pinochet. Na ditadura chilena, foram mortos cerca de 3 mil pessoas, sendo que quase a metade logo no começo, numa guerra civil com comunistas. Não eram inocentes, na maioria dos casos, mas guerrilheiros tentando transformar o Chile em Cuba. Já na ditadura cubana, que ainda sobrevive depois de quase meio século, foram assassinados, por baixo, uns 20 mil inocentes. Isso para não falar dos que morreram tentando fugir da Ilha-presídio, algo inexistente no Chile, pois qualquer um poderia deixar o país livremente. (...)
Fidel adotou um claro culto à personalidade, típico de ditadores socialistas, e trata o país como seu, pretendendo passar o poder ao irmão, enquanto o próprio Pinochet chamou eleições depois dos 17 anos no poder.

Poderíamos continuar a comparação ad infinitum, mas o resultado seria sempre o mesmo: Fidel Castro é infinitamente pior que Pinochet em todos os quesitos. Logo, somente a demência explica alguém condenar Pinochet ao mesmo tempo que inocenta Fidel Castro.

No entanto, para a nossa esquerda. Pinochet é a encarnação do mal, mas Fidel compete com os santos pelo seu lugar no céu. A esquerda não agüenta viver dois segundos sequer sem os dois pesos e duas medidas. Como pode o nosso presidente falar em período sombrio, em longa noite em que as luzes da democracia desapareceram, ao mesmo tempo que idolatra seu mui amigo Fidel Castro? (...)

Não obstante, a morte de Pinochet é celebrada pela esquerda, mas a de Fidel, que está por vir, irá gerar enorme comoção. Faz-se necessário o consumo de muito Engov para viver num país desses..."

Observação: se o problema é náusea, sugiro Citrosodine, um remedinho baratíssimo, porreta, que, "misteriosamente por isso mesmo", sumiu das farmácias. Tão indispensável quanto os tampões auditivos de Oriane.

Marx, o Groucho

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