Saturday, January 27, 2007

Clássicos e estado etílico...



Empolguei-me! Tomei o freio nos dentes, tô com a macaca! O tema é o máximo: classicismo. De onde saiu? Saiu de um comentário do post sobre Don Camilo e Pepone: realmente, "tiramos do baú" aquele delicioso filme, como poderíamos ter tirado as figuras de Theda Bara e Caruso. O gosto do ócio politicamente incorreto é que a volúpia da perfeição possível não tem mesmo idade. Um clássico possui esses traços de "caráter" que petralhas detestam: gosto de absoluto, sabor de eternidade, um paladar inconfundível. O que é excelente, pois, não se descarta, não se substitui, ou como gostam de dizer os adeptos das metáforas lulo-futebolísticas, "em time que está ganhando não de mexe" (uau, desse jeito transformo o Keiser num "muso inspirador"...).
O conceito é bastante elástico: temos música clássica, literatura clássica, filosofia clássica, cultura clássica, educação clássica e assim por diante. Atualmente, parece que a idéia está vinculada, por engenho e travessura dos deturpadores de sempre, a atmosferas caducas, ultrapassadas, quiçá "reacionárias" ou, às vezes, "fundamentalistas", ou seja, não passa de uma sombra de cadáver, conveniente às manipulações coletivistas de plantão.
O que incomoda a turma da utopia no discurso que se diz "clássico" são aqueles traços que precisam ser abolidos, varridos do horizonte de terráqueos distraídos, aqueles infelizes que se deixam guiar pela oratória de psicopatas que querem destruir todos os valores que podem salvar o que resta de decente neste planeta suicida. As monótonas mazelas humanas advêm exatamente desse caos pretensamente "libertador", uma das bandeiras mais velhacas da "mudernidade" analfabeta funcional e um dos fatores mais pontuais quando se trata de achincalhar o Logos. Sim, é o Logos que dá razão de ser ao adjetivo "clássico", nem mais nem menos. É ele que permite o acerto, por exemplo, a partir da consciência de um erro. Mas só a partir da consciência...
Em cada esquina midiática do nosso cotidiano só se ouvem agressões, cada vez mais petulantes, contra tudo o que, a duras e necessárias penas, foi erguido pela civilização greco-latina-judaico-cristã, seus cãnones morais, seus critérios estéticos, suas formas de organização social, enfim, seu modus vivendi, o único que realmente propicia uma existência livre e responsável, embora - quase sempre - gloriosamente atormentada, pois a graça absoluta dessa novela está na ...peleja! Chamem Ivanhoe - lembram dele? Era o Ivanhoé - assim mesmo, com acento agudo -, herói de um seriado de TV dos anos 60, baseado no clássico de Sir Walter Scott. Darling, traz meu hidromel porque eu não consigo sair da Inglaterra...

Imagens: uma antiga aquarela, capa do romance de cavalaria de Sir Walter Scott, e o rótulo de uma fantástica cerveja da marca Ivanhoe - será uma cerveja clássica?

Marx, o Groucho

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