Tuesday, August 21, 2007

Palhaçadas perigosas


Do fundo de sua ignorância crônica - pela qual oPTou, sem hesitar, com o intuito de chegar ao poder -, nosso tonitroante Keiser tentou outra vez criar mais uma divisão nas "hostes inimigas", jogando a "classe" (???) dos palhaços contra meia dúzia de pessoas que descobriram que vaiar é democrático. Sim! Uni-vos, herdeiro do Carequinha! Pegai em armas! É hora de sentar a pua em quem usa vossa santa imagem em vão, ou melhor, seus santos narizes!
Olhem que graça desgraçada: Lula parece ignorar (isso foi um ato de delicadeza, hein?...) que os palhaços nos fazer rir justamente porque encenam uma divertida caricatura de um ser digno de dó, no mínimo, digamos assim, por causa de incapacidade de se conduzir existencialmente sem danos imediatos, a eles próprios e a terceiros.
Palhaços costumam imitar o que há de mais primitivo, tosco e debilóide nos humanos, mas de forma ácida, às vezes até sádica, dependendo do "palhaço" em questão. Por exemplo, nas historietas de Batman, seu mais perigoso inimigo, o Coringa, se apresenta como um palhaço extremamente cruel, um psicopata - no cinema, a figuraça foi imortalizada pela espetacular interpretação de Jack Nicholson.
Palhaços são adoráveis, sem dúvida, pela habilidade que têm de enxergar e caricaturar as mazelas humanas, pela graça especial com que fazem isso de maneira leve e descontraída. Charles Chaplin, por exemplo, ficou famoso por ter criado um tipo do palhaço universal, com jeito de eterno vagabundo, desprezado, aqui e ali, pelas gentes mais distraídas, quiçá egoístas, muitas vezes, perversas. Interpretava um desastrado compulsivo, um sujeito que nunca-dá-certo apesar de todo seu esforço para tal.
O que isso tudo tem a ver com a manobra diversionista de Lula quando foi vaiado por uns gatos pingados - heróicos - com nariz de palhaço? Ora, quem assume esse papel como protesto está dizendo que o governo petralha e seu picaresco chefete estão tentando fazer destepaiz um picadeiro sem nenhuma graça, um espaço onde as pessoas são tratadas como idiotas, incapazes, irresponsáveis, trapalhonas, tudo aquilo que os palhaços criticam quando se dirigem ao respeitável público, de forma humorística.

Senhor Molusco, a "ternura e a coisa boa" relacionadas aos palhaços está na capacidade que eles têm de criticar o que há de mais lamentável em nossas vidas inconscientes, não na idiotia em si, entendeu??? A imbecilidade, objeto por excelência da palhaçada, não é "legal", não é "boa", não desperta "ternura" em ninguém. Talvez só em idiotas autênticos, loucos varridos que se levam a sério. Como... adivinhe quem?

Imagem: Jack Nicholson, o definitivo Coringa, o palhaço bandidão e psicopata, em Batman.

Marx, o Groucho

1 comment:

Ricardo Rayol said...

ele pra variar faz uma infeliz observação.