Monday, March 26, 2007

Verdades sobre a escravidão: os negros não precisam de paternalismo babaca!


Todos sabem que sou contra ação afirmativa e outras babaquices. Não podemos dizer para os que estão insatisfeitos para voltarem para suas pátrias de origem. Dizer este tipo de verdade é taxado como preconceito.
Semana passada estava numa aula daquelas densas quando passou um grupo fazendo um barulhão infernal. Um aluno jovem foi pedir silêncio e o grupo riu na cara dele e continuou a baderna. Era a reunião semanal do grupo afro de ação afirmativa. Tivemos que mudar a nossa aula de dia pois não havia como pedir silêncio. Eles são arrogantes, nos olham de cima, e só fazem o que querem. Na faculdade todo mundo sabe, se tentar falar qualquer coisa acaba-se tachado de racista etc. Mas vocês acham que todos os negros são assim?
Sempre bati na tecla que a escravidão não era só culpa dos brancos. Os africanos vendiam uns aos outros numa boa. Muitas famílias africanas, negros, enriqueceram assim. São ricos até hoje. Mas ninguém fala nisso. É mais fácil para todos fingir que a culpa é só dos brancos. Se vamos falar sobre isso logo aparece algum engajado gritando. Sim, essas pessoas não argumentam, elas gritam. É fundamental para todos os afro-militantes que a culpa fique com os brancos e ponto. Nosso demagogo presidente pediu desculpas aos africanos pela escravidão no Brasil. E fez isso em nome da nação. Mas eu e muita gente esclarecida não concordamos com isso. Eu não quero pedir desculpas para ninguém. Nem eu nem meus antepassados escravizamos ninguém. Só porque somos brancos não significa que sejamos escravocratas. Tenho horror a qualquer espécie de discriminação!
A escravidão é aviltante, sem dúvida, mas a culpa é de toda uma sociedade voltada para o egoísmo e para a esperteza em detrimento do outro. E dividir a responsabilidade é fundamental. Lula é um ignorante, isso já sabemos, mas sua atitude foi ridícula e demagógica e deu ensejo a essa turma que está louca por uma vantagenzinha, um bolsa-família, bolsa-afro ou seja lá o que for. Entretanto, nem todos os negros pensam assim.
Uma amiga minha tinha duas orientandas bolsistas da Rosinha. Afro-descendentes que entraram pelo sistema de cotas e ganhavam um dindin. As duas eram péssimas, mal educadas, não iam à aula, faziam corpo mole e depois diziam: "você não pode me reprovar, sou bolsista, vou reclamar com o reitor e dizer que você é racista...". Não tinham o menor interesse no que estavam estudando, mas queriam garantir a graninha no final do mês. Mérito para receber a bolsa? Nenhum, apenas a cor da pele.
Enquanto isso, um amigo meu, que é branco e muito pobre, vive tentando uma bolsa para poder continuar os estudos. Excelente aluno, vê-se na contingência de largar o estudo para ajudar a família. Para ele não tem bolsa não, apenas esforço não recompensado. Agora, uma outra amiga, que é negra e também foi excelente aluna, vê-se assustada com o sistema de cotas, pois ela teme, com justa razão, que isso acabe acirrando o preconceito e diminuindo o mérito daqueles que, como ela, conseguiram o respeito da sociedade sem a ajuda de ninguém. Trata-se de uma das pessoas mais cultas e estudiosas que conheci. De orígem muito pobre, sempre estudou e venceu na vida. O pai era marginal, mas nunca sentiu-se tentada por este tipo de atividade. O sistema de cotas e a suposição de que pobreza leva à criminalidade são um desrespeito a pessoas como ela. Ela acha que isso tudo é preconceito disfarçado em paternalismo. Teme que os mais ingênuos tornem-se massa de manobra para políticos populistas e mal intencionados. Por que temos que continuar fingindo que a culpa da escravidão foi só dos brancos????
Vejam um trecho que extraí do Globo na quinta- feira, na coluna de Demétrio Magnoli:

O tráfico e a escravidão continuam reverberando. O escritor moçambicano Mia Couto relata uma visita aos EUA de HonóriaBailorCaulker, uma senhora africana, presidente da câmara do povoado de Shenge, na Serra Leoa. Convidada a discursar, ela subiu ao palco, cantou “Amazing Grace” e, após demorada pausa, informou à platéia que o célebre hino religioso foi composto por um filho da escravatura, descendente de uma família que deixou Shenge. A platéia explodiu em aplausos comovidos, mas Honória os interrompeu e indagou se a homenageavam como símbolo do sofrimento de milhões de escravos. Diante da resposta uníssona, atalhou: “Pois eu não sou descendente de escravos. Nem eu nem o autor do hino.

Somos, sim, descendentes de vendedores de escravos. Meus bisavós enriqueceram vendendo escravos.” Os europeus, como regra, não caçavam africanos, mas os adquiriam na segurança de suas fortalezas costeiras. A carga humana era fornecida pelos reinos negreiros, alguns muito poderosos, como o Estado ashanti, da Costa do Ouro, que cobrava aluguel dos traficantes europeus pelo uso das fortalezas e mantinha parte dos cativos como serviçais domésticos de seus chefes.

Em 1872, bem depois do encerramento do tráfico atlântico, o soberano ashanti Zey dirigiu uma carta ao rei da Inglaterra solicitando a retomada do comércio de escravos.

Yaw Bedwa, da Universidade de Gana, diagnostica uma “amnésia geral sobre a escravidão”. O interdito, vigente em diversos países africanos, não decorre apenas das conveniências de elites clânicas ligadas por escassas gerações ao negócio do tráfico.

Pois é, até quando vamos tratar com paternalismo esse assunto? Até quando vamos ter tanta gente se fazendo de vítima e explorando essa vitimização? Quantos negros não venceram por mérito próprio, enterrando de uma vez por todas a idéia de que são burros ou seja lá o que pensam os racistas. A persistir o sistema de cotas e que tais essa imagem do negro frágil e intelectualmente despreparado acaba por se perpetuar!
Só um adendo importante: eu realmente acho que os negros são, de fato, discriminados. Apenas acho que isso não pode ser combatido com mais discriminação. Precisamos sim valorizar esta rica cultura combatendo, por exemplo, a sanha de certos grupos evangélicos que tentam associar o candomblé ao demônio. A Cultura afro é, de fato, uma cultura riquíssima e deve ser preservada a todo custo. Quem tiver qualquer dúvida leia o excelente escritor angolano Kwame Appiah, que escreveu um livro sobre a África cultural. Aliás, leia qualquer escritor angolano, eles são maravilhosos. E isso naquela terra que está inteiramente dizimada! Se queremos acabar com o preconceito devemos mostrar a imensa riqueza da cultura africana, a beleza de seus rituais, culinária etc. Nunca, jamais devemos insistir em suas fraquezas. Os negros brasileiros não são negros nem africanos, são brasileiros como todos nós. Não são diferentes, mas são aqueles que guardam um cultura antiga e riquíssima! Somos todos do terceiro mundo, irmãos em riqueza e infortúnio!
Negros, vocês são fortes, uma cultura rica e antiga, não precisam de paternalismo babaca, muito menos de cotas e muito menos serem usados como massa de manobra para políticos desonestos!!!
Basta de paternalismo e hipocrisia!!!

Oriane


2 comments:

Anonymous said...

Bela Oriane,
sou professora da UERJ. Tive bolsistas "Proiniciar", e vários alunos que entraram pelo sistema de cotas. As bolsas "Proiniciar" são uma obra-prima de demagogia e populismo, um engana-trouxas como poucas vezes se viu em instituições públicas: os alunos mais pobres (em ordem decrescente) ganham, durante seu primeiro ano de estudos, uma bolsa acadêmica. Requisito: devem ser orientados por professores doutores (claro, como estão tão adiantados um professor só com mestrado não serve), e desenvolver uma pesquisa. Foram-me designados 3 bolsistas proiniciar, ano passado. Três moças semi-analfabetas. Eu não tinha a menor idéia do que fazer com elas. Li diversas vezes o edital relativo às bolsas, para saber o que poderia propor; o dito cujo, porém, é um primor de evasão. Basicamente, não explica nada. Quais são as obrigações do bolsista? Desenvolver o quê? Um trabalho acadêmico? Como esperar que um aluno que entrou por cota desenvolva uma trabalho acadêmico logo no primeiro ano? Seria muito mais honesto se a bolsa fosse assumidamente assistencialista, e não se desfarçasse com tintes intelectuais. Resultado: das 3 moças, duas não fizeram absolutamente NADA. A terceira era, a primeira vista, a mais burra de todas, mas ao menos realizou, male male, as cada vez mais banais tarefas que eu lhe passava (fichamentos de textos em português, quase sempre). As outras duas nem sequer apareciam na minha aula; uma desapareceu inteiramente, e a outra apareceu para fazer a prova, na qual tirou zero, naturalmente. Resultado: não assinei o relatório final das duas. Não as inclui no meu lattes. A diretora do instituto veio me procurar, lacrimejante, dizendo que, se não assinasse, elas provavelmente teriam que devolver o dinheiro que receberam. Que devolvam. E, se não devolverem, que sejam processadas pelo Estado. São ladras. Não tenho pena, mas raiva. Tenho um aluno paupérrimo, que mora em Jacarepaguá e trabalha em uma imobiliária, que é brilhante, esforçado, e não tem bolsa de nenhuma espécie. É branco, tem até olhos verdes, como vai ter bolsa?!? Um último comentário: eu sou a única, em meu departamento, a defender o fim das bolsas Proiniciar e o fim do sistema da cotas. Acho até que há colegas que pensam como eu, mas ninguém ousa falar nada. Vivemos numa ditadura, num arremedo de estado policial, em que a liberdade de pensamento e expressão se vê ameaçada constantemente. Depois do episódio Proiniciar, eu cheguei até mesmo a temer que algo me acontecesse. Teria sido uma vítima, aí sim, do racismo e do preconceito.

Anonymous said...

"Não podemos dizer para os que estão insatisfeitos para voltarem para suas pátrias de origem."

Posso te ajudar com mais um ditado: " Os incomodados que se mudem!"

Se vc está incomodada com as políticas públicas no Brasil, volte para sua pátria de origem, que provavelmente é europeia.

Vamos deixar os indios sozinhos aqui então, pq nem os brancos nem os negros tem origem aqui!

Boa sorte!
sou branca e estudei em colégios particulares e sou a favor das cotas!