Aliás, o que leva pessoas de um país como a França a criarem uma criança numa pocilga como Banânia? Isso é uma irresponsabilidade. Sempre digo para a minha amiga que cria suas filhas em Haia para que jamais as traga para cá. Isso aqui é terra-de- ninguém. Esses iludidos de ONGS de direitos humanos continuam achando que podem resolver o problema com amor, abraço à lagoa etc. Este é o resultado. Estamos num mundo sem esperança.
Isso me lembra a história de um guru que tomou uma porrada de um cara e perguntou: qual foi o bem que eu te fiz? (Ah, lembrei: na verdade o guru foi Confúcio, ao levar uma cusparada de uma pessoa quando passava, totalmente distraído, sob sua janela.)
Para esses, idealistas um aviso: quando subimos a favela e ajudamos os moradores, muitos podem até estar verdadeiramente agradecidos, mas a verdade nua e crua é hobbesiana: o homem é o lobo do homem. A maioria não vai agradecer, mas odiar e invejar aqueles que ajudam. Essa é a realidade da humanidade, mas principalmente é a realidade do Brasil. Nosso povo é preguiçoso e tem uma nojenta cultura de levar vantagem
A cultura da inveja chegou a um tal ponto que o pouco que temos já é motivo de ódio. Os ladrões não querem mais apenas roubar: querem vingança pela pouca sorte que lhes coube. É patológico.
Não sou contra ajudar a quem precisa, muito pelo contrário. Sou contra o paternalismo babaca, pieguices galopantes e a ilusão ridícula do bom selvagem.
Detalhe: os franceses adotaram o seu algoz quando ele tinha quinze anos. Acho que eles não estudaram psicologia: se uma criança não recebe amor até os quinze, torna-se incapaz de senti-lo. Esse rapaz provavelmente já estava imune ao amor quando o conheceu. Isso eu aprendi há vinte anos quando trabalhei com meninos de rua. Era uma aviso que o pessoal do lugar sempre dava: concentrar-se nos meninos de menos de 12 anos e nunca, jamais abrir a guarda. O trabalho era sério, e o principal: não tinhamos ilusões quanto aos resultados. Não ver essa realidade é uma auto-ilusão cujo preço pode ser caro demais.
Sou uma desiludida, vivo deprimida, mas ainda estou viva.
Imagem: J.J. Rousseau, o pai intelectual da grande ilusão.
Oriane
1 comment:
Potencialmente, somos todos bonecos de judas. Não há por que se espantar.
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