Sunday, September 16, 2007

Nosso futuro Abe Lincoln...


Dêem uma olhada neste trecho de um texto da excelente Maria Lucia Victor Barbosa, socióloga - os realces em negrito são nossos :

"(...) Todos os tristes episódios que vêm se multiplicando nesse governo mostram com é pobre, abjeta, imoral nossa cultura cívica. Comparemos, por exemplo, o Brasil com o Japão. Neste país renunciou o premiê Shinzo Abe por conta de suspeita de corrupção. Sua aprovação popular que era de 70% quando assumiu o cargo havia caído para 29%, o que demonstra que no Japão tem povo no sentido de impor conduta e direção aos governantes. E na sua despedida em cadeia de televisão, disse Shinzo Abe: eu me vejo incapaz de cumprir minhas promessas – e eu me tornei um obstáculo para cumpri-las. É hora de alguém mais viável assumi-las. Nessas breves palavras, quanta diferença em relação ao que se passa entre nós, quando mesmo em face das mais claras evidências, altas autoridades que deviam dar exemplo se agarram desavergonhadamente aos cargos demonstrando que a elas só interessa o poder pelo poder.
Mas quem foi o grande ganhador no escândalo Renan Calheiros? Teria sido o senador que se manteve no cargo mesmo sendo indigno dele? Teria sido o Senado? Claro que não. O senador tem agora sua biografia manchada de forma indelével, em que pese a memória curta do povo. O Senado sai do episódio sórdido ainda mais desmoralizado, o que atinge o Congresso Nacional como um todo. O grande ganhador de fato foi o PT e sua figura-símbolo, Lula da Silva, chave para a permanência no poder dos companheiros e agregados.
Afinal, no recente congresso petista, entre as decisões tomadas estava a de extinguir o Senado. Daí é só um passo para acabar com o Congresso e seus picaretas (antiga expressão de Lula da Silva) e partir para a democracia de massas, quer dizer, de massas de manobra do PT.
Renan é bom companheiro, ninguém (pelo menos do PT) pode negar. Ele teve apoio explícito do presidente da República, foi defendido ardorosamente pela tropa de choque petista do Senado. Contudo, o senador devia conhecer as leis do PT, ou seja: esmagar quem apóia; triturar que não reza pela cartilha, jogar fora o que não tem mais serventia, desmoralizar, intimidar, perseguir, castigar, manter o poder a qualquer custo.
Eliminado o Senado restaria a Câmara já domesticada, mantendo-se, assim, a fachada de democracia à lá Chávez. Ficaria, então, muito fácil, a aprovação do terceiro mandado presidencial.
Resta perguntar, como fez um dos meus correspondentes: "que legado essa geração de políticos vai deixar para a história?". Ele mesmo responde: "Como a história é escrita por intelectuais cooptados pelo poder, nossos netos ficarão sabendo que houve no Brasil um Lincoln tropical, um pobre operário retirante que salvou os pobres e foi o maior estadista do século XXI. "

O texto completo vocês podem ler aqui.
Imagem: Abraham Lincoln, possível última encarnação de Lula.

Marx, o Groucho, tirando passaporte para o Japão...

1 comment:

Ricardo Rayol said...

a história é escrita elos vitoriosos, até que outros assumam o lugar. é só ver a éppoca da ditadura.