O texto abaixo saiu no Estadão. Observem a loucura! Essa gente - OAB, PQP, a turma do MEC e associados... - arrota regras estapafúrdias, manipula a opinião pública, chama urubu de "meu louro", tudo sob a falsa legenda de "instituições democráticas", amantes da liberdade etc e tal - só se for da deles, hehehe....
Deixem o Portellinha estudar em paz
por Alexandre Barros (O Estado de S. Paulo 12/3/2008)
"Portellinha, contrariamente à impressão que o nome pode dar, não é perigoso traficante, compositor de samba ou bicheiro. Da mesma maneira que Luca Paccioli não é poderoso chefão da Máfia.
Paccioli, frade italiano, viveu entre 1445 e 1514. Foi professor de Matemática de Leonardo da Vinci e inventou a contabilidade de dupla entrada: receita e despesa. Sem ela não existiriam empresas modernas, pois não haveria como medir receita, despesa, lucros e perdas. Foi um dos maiores inventores da história do capitalismo, segundo Goethe.
João Victor Portellinha de Oliveira tem 8 anos (nem 18, nem 28). Mora em Goiânia. Inscreveu-se, pela internet, no vestibular de uma faculdade de Direito. Fez a prova em pessoa e ninguém o impediu. Foi aprovado. Matriculou-se.
Como você é fantástico, Portellinha. Precisamos de gênios. Políticos discutem como melhorar a educação. Você melhorou a sua, por conta própria. Ganhou, mas, se depender da OAB e do governo, você não vai levar.
Que bom que a IBM, quando desenvolveu o microcomputador, não exigiu diploma de um menino maluquinho chamado William Gates III, que havia largado a faculdade.
Se o maluquinho do William Gates III não tivesse sido contratado pela IBM para produzir o sistema operacional dos primeiros computadores pessoais, você não teria na sua mesa um computador com Windows. Eu não teria acesso à internet e não poderia ter feito, com precisão, a maioria das citações contidas neste artigo. Não saberíamos o que é um e-mail nem poderíamos ler o Estadão na tela. O mundo não seria o que é nem o terceiro homem mais rico do mundo se chamaria Bill Gates.
A OAB suspeita que o exame de admissão da faculdade não foi sério. Mas, mesmo que tenha sido sério, a OAB argumenta que um jovem de 8 anos não deveria ter sido autorizado a prestar o exame porque não pode ter maturidade para ser advogado.
Se o Portellinha vier a cursar a faculdade, seus pais estão dispostos a pagar pelo curso do filho. O que a OAB tem que ver com isso? E os burocratas do Ministério da Educação que dizem que ninguém pode cursar um curso superior sem antes haver feito os cursos inferiores? Mesmo que o interessado pague por isso e não ponha em risco a vida de ninguém, não pode.
Recentemente saiu a notícia de que as passagens aéreas dentro da América do Sul vão baixar de preço, gradualmente, até setembro de 2008. Isso quer dizer apenas uma coisa: até agora o governo nos protegeu contra preços mais baixos. Preferimos não ter essa proteção. Da mesma maneira que as tarifas aduaneiras nos protegem contra produtos importados mais baratos. Proteção desnecessária e indesejável.
Çábios (obrigado, Elio Gaspari) e autoridades de Ordens e Conselhos dizem que nos protegem do que não queremos ser protegidos. Potoca, apenas defendem seus associados contra concorrentes mais competentes ou que cobrem preços mais baixos.
Recentemente, Alan Robert, alpinista francês, escalou o Edifício Itália, no centro de São Paulo. No fim de sua maratona foi detido pela polícia e teve seu passaporte retido. Acusação: periclitação de vida.
Fica a pergunta: por que o Alexandre Barros tem o direito de andar de moto a 230 km por hora e ainda ganhar dinheiro e fama por isso e o escalador não pode subir o Edifício Itália, empreitada na qual ele só está arriscando a própria vida?
Já pensaram se o governo tivesse proibido outro jovem maluquinho de correr feito um desesperado em automóveis? Não teríamos tido Ayrton Senna. Morreu de acidente. Risco dele. Ninguém tinha nada que ver com isso. Estava arriscando a própria vida, e só ela. Virou herói nacional. Sua irmã faz obras de caridade com a herança dele.
Que culpa tem o Portellinha se os senhores da OAB só tiveram competência para virar advogados depois dos 18 anos? Com freqüência, com mais de 20.
A Universidade de Chicago tem 81 Prêmios Nobel (só de Economia, 25) e não exige nenhum diploma para que alguém estude ou lá desenvolva pesquisas. Qualquer pessoa que lá queira estudar ou desenvolver um projeto científico interessante pode, independentemente de sua idade e de cursos anteriores.
É claro que entrar para Universidade de Chicago assim, do nada, não é simples nem rotineiro, mas a porta está aberta. Basta ir lá e pedir para conversar com um grupo de professores que entendam do tema. Se conseguir convencê-los de seu mérito ou de sua criatividade, poderá ser admitido. A rigor, não precisa ter passado nem pelo jardim da infância.
Estou seguro de que alguns, ou muitos, não conseguiram transpor essas barreiras por insegurança dos mais velhos, ameaçados pela inovação e pela competição.
Deve ser por isso que Robert M. Hutchins, reitor da Universidade de Chicago entre 1929 e 1951, disse uma vez: “Depois de uma longa e penosa experiência, cheguei à conclusão de que professores são um pouco piores do que algumas pessoas, e cientistas são um pouco piores do que alguns professores.”
Pela lógica dos protetores do Portellinha, Hutchins nunca teria sido reitor da Universidade de Chicago. Foi escolhido para o cargo aos 29 anos e nele permaneceu por 21 anos.
Se deixarem o Portellinha cursar a faculdade de Direito e, o que é pior, se ele der certo (apesar de todas as cascas de banana que colocarão no seu caminho), o que vai ficar claro é que os escudos de competência atrás dos quais se defendem profissionais de todas as profissões vão derreter-se.
O problema não está nos precoces. Acho que decifrei a charada: está nos velhos! Os velhos é que têm medo da competência e da concorrência dos novos.
Conselhos e Ordens só cumprem uma função: protegem os consumidores contra preços baixos, eliminando a concorrência."Imagem: o terceiro cara mais rico do mundo.
Marx, o Groucho, brindando à burrice nacional com ... Bollystolly!
Deixem o Portellinha estudar em paz
por Alexandre Barros (O Estado de S. Paulo 12/3/2008)
"Portellinha, contrariamente à impressão que o nome pode dar, não é perigoso traficante, compositor de samba ou bicheiro. Da mesma maneira que Luca Paccioli não é poderoso chefão da Máfia.
Paccioli, frade italiano, viveu entre 1445 e 1514. Foi professor de Matemática de Leonardo da Vinci e inventou a contabilidade de dupla entrada: receita e despesa. Sem ela não existiriam empresas modernas, pois não haveria como medir receita, despesa, lucros e perdas. Foi um dos maiores inventores da história do capitalismo, segundo Goethe.
João Victor Portellinha de Oliveira tem 8 anos (nem 18, nem 28). Mora em Goiânia. Inscreveu-se, pela internet, no vestibular de uma faculdade de Direito. Fez a prova em pessoa e ninguém o impediu. Foi aprovado. Matriculou-se.
Como você é fantástico, Portellinha. Precisamos de gênios. Políticos discutem como melhorar a educação. Você melhorou a sua, por conta própria. Ganhou, mas, se depender da OAB e do governo, você não vai levar.
Que bom que a IBM, quando desenvolveu o microcomputador, não exigiu diploma de um menino maluquinho chamado William Gates III, que havia largado a faculdade.
Se o maluquinho do William Gates III não tivesse sido contratado pela IBM para produzir o sistema operacional dos primeiros computadores pessoais, você não teria na sua mesa um computador com Windows. Eu não teria acesso à internet e não poderia ter feito, com precisão, a maioria das citações contidas neste artigo. Não saberíamos o que é um e-mail nem poderíamos ler o Estadão na tela. O mundo não seria o que é nem o terceiro homem mais rico do mundo se chamaria Bill Gates.
A OAB suspeita que o exame de admissão da faculdade não foi sério. Mas, mesmo que tenha sido sério, a OAB argumenta que um jovem de 8 anos não deveria ter sido autorizado a prestar o exame porque não pode ter maturidade para ser advogado.
Se o Portellinha vier a cursar a faculdade, seus pais estão dispostos a pagar pelo curso do filho. O que a OAB tem que ver com isso? E os burocratas do Ministério da Educação que dizem que ninguém pode cursar um curso superior sem antes haver feito os cursos inferiores? Mesmo que o interessado pague por isso e não ponha em risco a vida de ninguém, não pode.
Recentemente saiu a notícia de que as passagens aéreas dentro da América do Sul vão baixar de preço, gradualmente, até setembro de 2008. Isso quer dizer apenas uma coisa: até agora o governo nos protegeu contra preços mais baixos. Preferimos não ter essa proteção. Da mesma maneira que as tarifas aduaneiras nos protegem contra produtos importados mais baratos. Proteção desnecessária e indesejável.
Çábios (obrigado, Elio Gaspari) e autoridades de Ordens e Conselhos dizem que nos protegem do que não queremos ser protegidos. Potoca, apenas defendem seus associados contra concorrentes mais competentes ou que cobrem preços mais baixos.
Recentemente, Alan Robert, alpinista francês, escalou o Edifício Itália, no centro de São Paulo. No fim de sua maratona foi detido pela polícia e teve seu passaporte retido. Acusação: periclitação de vida.
Fica a pergunta: por que o Alexandre Barros tem o direito de andar de moto a 230 km por hora e ainda ganhar dinheiro e fama por isso e o escalador não pode subir o Edifício Itália, empreitada na qual ele só está arriscando a própria vida?
Já pensaram se o governo tivesse proibido outro jovem maluquinho de correr feito um desesperado em automóveis? Não teríamos tido Ayrton Senna. Morreu de acidente. Risco dele. Ninguém tinha nada que ver com isso. Estava arriscando a própria vida, e só ela. Virou herói nacional. Sua irmã faz obras de caridade com a herança dele.
Que culpa tem o Portellinha se os senhores da OAB só tiveram competência para virar advogados depois dos 18 anos? Com freqüência, com mais de 20.
A Universidade de Chicago tem 81 Prêmios Nobel (só de Economia, 25) e não exige nenhum diploma para que alguém estude ou lá desenvolva pesquisas. Qualquer pessoa que lá queira estudar ou desenvolver um projeto científico interessante pode, independentemente de sua idade e de cursos anteriores.
É claro que entrar para Universidade de Chicago assim, do nada, não é simples nem rotineiro, mas a porta está aberta. Basta ir lá e pedir para conversar com um grupo de professores que entendam do tema. Se conseguir convencê-los de seu mérito ou de sua criatividade, poderá ser admitido. A rigor, não precisa ter passado nem pelo jardim da infância.
Estou seguro de que alguns, ou muitos, não conseguiram transpor essas barreiras por insegurança dos mais velhos, ameaçados pela inovação e pela competição.
Deve ser por isso que Robert M. Hutchins, reitor da Universidade de Chicago entre 1929 e 1951, disse uma vez: “Depois de uma longa e penosa experiência, cheguei à conclusão de que professores são um pouco piores do que algumas pessoas, e cientistas são um pouco piores do que alguns professores.”
Pela lógica dos protetores do Portellinha, Hutchins nunca teria sido reitor da Universidade de Chicago. Foi escolhido para o cargo aos 29 anos e nele permaneceu por 21 anos.
Se deixarem o Portellinha cursar a faculdade de Direito e, o que é pior, se ele der certo (apesar de todas as cascas de banana que colocarão no seu caminho), o que vai ficar claro é que os escudos de competência atrás dos quais se defendem profissionais de todas as profissões vão derreter-se.
O problema não está nos precoces. Acho que decifrei a charada: está nos velhos! Os velhos é que têm medo da competência e da concorrência dos novos.
Conselhos e Ordens só cumprem uma função: protegem os consumidores contra preços baixos, eliminando a concorrência."
Marx, o Groucho, brindando à burrice nacional com ... Bollystolly!
1 comment:
Marx,
desta vez tenho de discordar de você. Aviso, sem me envergonhar, que abandonei a leitura do texto logo no início, quando notei que o autor "esqueceu-se" de mencionar o nome da Faculdade de Direito em cujo vestibular o garoto foi aprovado. É uma daquelas escolas em que analfabetos podem ingressar (ocorreu aí no Rio de Janeiro caso semelhante: um jornalista levou um analfabeto para fazer o vestibular de uma Faculdade Caça-Níqueis de Direito, e o analfabeto foi aprovado). Não é honesto um artigo que tenta transformar em gênio alguém nessas condições, por isso não o li até o final, apenas passei os olhos no resto dele.
Se o garoto passasse na Fuvest, tudo bem. Se passasse na Vunesp, conquistaria o direito de ser zombado pelos franciscanos, que até cantariam pra ele uma trovinha ("A Faculdade de Franca/ fica no meio do mato/ em vez de ensinar Direito/ ensina a fazer sapato"), mas ele fez o vestibular da UNIP! Não foi aprovado por dominar os conhecimentos exigidos! Ele mesmo reconheceu ter chutado as respostas das questões de matérias que não tinha visto na escola! Convenhamos, gênios não esperam "ver a matéria na escola".
Recomendo que você leia esta matéria, examine as declarações do pai, que é aluno da UNIP, e do próprio garoto.
Se você não quiser lê-la inteira, não deixe de ler ao menos o trecho que abaixo reproduzo:
"O pai de João Victor disse na entrevista para o site que nos próximos dez ou quinze anos será normal garotos com a idade de seu filho cursando uma faculdade, assim como advogados exercendo a profissão com apenas 15 anos.
- A humanidade está evoluida. Para você ver, hoje as crianças já nascem até com dente. Eu sugiro que as universidades particulares comecem a preparar um ambiente para jovens dessa idade. A estrutura da educação está muito arcaica e precisa evoluir - discursou
Apesar de estar um ano avançado na escola, João diz que não se considerar uma criança superdotada, e como qualquer garoto gosta de brincar e jogar futebol. Perguntado por um internauta qual lei ele criaria se pudesse, o menino, que sonha ser juiz federal, disse obrigaria a construção de guaritas em todas as florestas para evitar que as pessoas desmatem a natureza, e também o uso de um filtro no cano de desgarga dos carros."
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