Saturday, June 16, 2007
Às almas sensíveis
Não basta amar, é preciso parecer que se ama - mal parafraseando o enunciado sobre a mulher de César, aquela que deveria parecer honesta se fosse realmente honesta.
Quando há amor, é preciso fazer determinados gestos, dizer certas coisas essenciais, marcar posições que não deixem dúvidas. A ambigüidade e a tibieza são as mães da suspeita, da insegurança, do medo. Não permitam vocês, os que pensam que amam, que haja meias palavras, aquelas verdades pela metade que podem ser meros projetos de descaradas mentiras. Façam com o discurso o que os melhores bailarinos do mundo fazem com o corpo: "limpem" a expressão verbal de todos os ruídos que a tornem obscura, insuficiente, confusa, trôpega. Isso é essencial, isso é benfazejo, isso é amoroso, mesmo quando o que se diz não agrada, adula ou envaidece o ouvido alheio. Não há amor à margem da verdade, não há amor de mãos dadas com o ponto de interrogação, não há amor meia-bomba, amor de pneu furado, amor-remendo. Ou se está inteiro ou não se está em parte alguma, porque amor é presença, é totalidade, é ser.
Imagem: simplesmente Natalia Makarova.
Marx, o Groucho - bancando a conselheiro amoroso...
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7 comments:
Você foi absolutamente certeira. parece recado pra alguém :-)
E foi Ricardo, e foi...
Oriane
Meninas, nosso jantar foi ótimo ;-)
E o recado também, seja lá para quem foi...
Nada a acrescentar: amor meia-bomba não existe MESMO!
Beijos
Groucho,
parabéns pela elegância do texto, pela verdade em estado puro da mensagem, e pela beleza da associação entre ela e as formas puras, essenciais, ao mesmo tempo leves e seguras, da bailarina... Efetivamente, amor meia-bomba é uma contradição em termos...
Adorei o texto. O padre fez um sermao parecido na homilia de ontem. Incrivel. :-)
Ligeiramente grávida não dá mesmo...
só não concordo com a referência à meia-bomba... a meia-bomba é fundamental no amor...
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