Monday, October 25, 2010

O grande Oswaldinho e a retórica perfeita...


Oswaldo Cruz tentou erradicar as mazelas do Rio de antanho, que era assolado por epidemias de todos os tipos, da varíola à febre amarela - os políticos já infestavam, também, a antiga capital da República, mas eram MUITO menos infecciosos dos que os atuais, é claro…

Vovó foi contemporânea do grande médico sanitarista e, por conta desse testemunho histórico, contava um monte de peripécias sobre o que o pobre coitado teve de aturar na tentativa de ensinar higiene à população, sem direito a twitter, orkut, facebook, e-mail e rede de televisão, tadinho! A coisa era mesmo feita na marra, no muque, no berreiro, no corpo a corpo, com muito suor e dedicação, coisas raras de se ver hoje em dia, exceto quando dedicadas à sublime causa eleitoral do projeto nossa-mão-na-chave-do-erário. Destarte, Oswaldinho, ao perceber que palavras polidas e discursos técnicos não atingiam a mente das pessoas sujeitas às moléstias que deveriam ser urgentemente erradicadas sob pena de mortalidade maciça, apelou para o bom senso retórico: pegou um megafone (parecido com aquele da logomarca da "RCA Victor", com o cachorrinho falante. Alguém lembra dele?) e saiu pelas ruas dos bairros mais infectados da cidade, a berrar, impávido: NÃO CAGUEM NO CHÃO, LAVEM AS MÃOS ANTES DE COMER, NÃO CAGUEM NO CHÃO!!! 


Esse era o jeito certo, o único meio, o óbvio, a única coisa sensata a fazer. Objetividade, clareza de idéias, palavras adequadas ao nível educacional da maioria das pessoas daquela época, justamente as mais vulneráveis às doenças infecto-contagiosas - como atualmente ainda o são, devido à explosão populacional e ao magnífico estado de coma em que se encontra a saúde em Banânia, aquela, a "quase perfeita", segundo as sábias palavras do Poderoso Chefão, sempre se pavoneando do alto de sua empáfia megalomaníaca.

Em suma: Oswaldinho sabia falar, tinha repertório verbal, conhecia o destinatário de seu discurso de intenções profiláticas. Ele estava REALMENTE interessado em salvar, das pragas da época, a população mais desvalida, ensinando a todos eles, em caráter de urgência, a higiene que se fazia necessária, pela via mais prática, mais direta, mais contundente, mais eficaz.
Por inspiração de Oswaldinho e em respeito à sua memória, a pergunta fundamental a se fazer à oposição, nesta reta final de campanha eleitoral, é esta:  vocês acham que conseguiram falar ao povo brasileiro com a linguagem adequada, tendo em vista a erradicação da epidemia de estupidez mortal que se abate há oito anos sobre a confusa, dividida, entorpecida e desmemoriada cabeça do eleitorado? Oswaldinho diria que não. Afinal, a epidemia pegou a todos, com raríssimas exceções, não é mesmo?…
Depois disso, ainda vem gente "politicamente correta" a este blog, vomitando indignação-clichê e proclamando que burrice não existe. Jung explica...

imagem 1: o cachorrinho bom de papo, da "RCA Victor", fazendo a propaganda eleitoral que a oposição não sabe fazer.


imagem 2: selo da "RCA Victor" em um disco de 78 rotações, com a gravação de uma música cujo título é, digamos, perfeito para este post!

Marx, o Groucho, fantasiado de mosquito sem dengue...







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