Hare caca!
Incrível, mas a saudação acima é do Casseta e Planeta, que está se esbaldando com o salada tupinicóide-indiana da Glória Perez.
De fato, a estapafúrdia novela - que deveria ser chamada de Aeroporto 3, depois de o Clone, Aeroporto 1, e América, Aeroporto 2 , tamanha a movimentação dos personagens de um país para o outro, ou melhor, de um continente para o outro! - é um prato cheio para todo tipo de paródia, especialmente com aquele vocabulário hindi-sânscrito-abrasileirado, que merece notinhas de rodapé, regadas à história do Hinduísmo, a cada capítulo, além , é claro, das aulas sobre esquizofrenia veiculadas pelo simpático Dr. Castanho, um psiquiatra que aguenta (já sem trema) o tranco dos loucos, de dia, e cai na gandaia da gafieira à noite.
Por que esse longo preâmbulo novelístico? Porque me deu vontade de falar de uma das poucas coisas que Banânia tem produzido de bom desde sua descoberta: o escracho! As criaturas de Banânia, pelo menos algumas delas, maquequeiam à perfeição as esquisitices do próximo. Será esse um fator de higidez mental? Dizem que sim, que o humor é indício de equilíbrio psíquico. Na verdade, trata-se de um mistério: há neurônios para o teatro - temos por aqui atores e atrizes excepcionais -, para o histrionismo mais apurado, para a paródia mais afiada, mas não há massa crítica cinzenta para olhar e ver, escutar e ouvir, ler e entender, escrever ou falar com um mínimo de coerência e um leve laivo de capacidade analítica realmente sem interferência de delírios e distorções paratáxicas. O habitante de Banânia, portanto, foi aparentemente agraciado por Deus com o dom do mimetismo, da percepção caricatural do gesto alheio, a comicidade simplória - e nem por isso menos divertida - dos bobos da Corte. Todavia, quando o pessoal tem de expressar o próprio "eu", cadê ele???!!! Será esse, enfim, o verdadeiro significado da antropofagia nacional? Para sermos alguma coisa temos de consumir o ser dos outros, digeri-lo, regurgitá-lo e devolvê-lo em forma de caricatura? Hans Staden nos acuda! Hare Cunhambebe!
Incrível, mas a saudação acima é do Casseta e Planeta, que está se esbaldando com o salada tupinicóide-indiana da Glória Perez.
De fato, a estapafúrdia novela - que deveria ser chamada de Aeroporto 3, depois de o Clone, Aeroporto 1, e América, Aeroporto 2 , tamanha a movimentação dos personagens de um país para o outro, ou melhor, de um continente para o outro! - é um prato cheio para todo tipo de paródia, especialmente com aquele vocabulário hindi-sânscrito-abrasileirado, que merece notinhas de rodapé, regadas à história do Hinduísmo, a cada capítulo, além , é claro, das aulas sobre esquizofrenia veiculadas pelo simpático Dr. Castanho, um psiquiatra que aguenta (já sem trema) o tranco dos loucos, de dia, e cai na gandaia da gafieira à noite.
Por que esse longo preâmbulo novelístico? Porque me deu vontade de falar de uma das poucas coisas que Banânia tem produzido de bom desde sua descoberta: o escracho! As criaturas de Banânia, pelo menos algumas delas, maquequeiam à perfeição as esquisitices do próximo. Será esse um fator de higidez mental? Dizem que sim, que o humor é indício de equilíbrio psíquico. Na verdade, trata-se de um mistério: há neurônios para o teatro - temos por aqui atores e atrizes excepcionais -, para o histrionismo mais apurado, para a paródia mais afiada, mas não há massa crítica cinzenta para olhar e ver, escutar e ouvir, ler e entender, escrever ou falar com um mínimo de coerência e um leve laivo de capacidade analítica realmente sem interferência de delírios e distorções paratáxicas. O habitante de Banânia, portanto, foi aparentemente agraciado por Deus com o dom do mimetismo, da percepção caricatural do gesto alheio, a comicidade simplória - e nem por isso menos divertida - dos bobos da Corte. Todavia, quando o pessoal tem de expressar o próprio "eu", cadê ele???!!! Será esse, enfim, o verdadeiro significado da antropofagia nacional? Para sermos alguma coisa temos de consumir o ser dos outros, digeri-lo, regurgitá-lo e devolvê-lo em forma de caricatura? Hans Staden nos acuda! Hare Cunhambebe!
Imagem: a turma do Casseta, encarnando o espírito indiano...
Marx, o Groucho
1 comment:
Excelente texto.
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