Tuesday, April 28, 2009

Ninguém seria tão grosseiro a ponto de usar a doença da Dilma. Só o Lula.
O cara é tão ladino que ainda consegue transformar a Ministra em mártir.
Aguardem.

Monday, April 27, 2009

HARE CACA!


Hare caca!
Incrível, mas a saudação acima é do Casseta e Planeta, que está se esbaldando com o salada tupinicóide-indiana da Glória Perez.
De fato, a estapafúrdia novela - que deveria ser chamada de Aeroporto 3, depois de o Clone, Aeroporto 1, e América, Aeroporto 2 , tamanha a movimentação dos personagens de um país para o outro, ou melhor, de um continente para o outro! - é um prato cheio para todo tipo de paródia, especialmente com aquele vocabulário hindi-sânscrito-abrasileirado, que merece notinhas de rodapé, regadas à história do Hinduísmo, a cada capítulo, além , é claro, das aulas sobre esquizofrenia veiculadas pelo simpático Dr. Castanho, um psiquiatra que aguenta (já sem trema) o tranco dos loucos, de dia, e cai na gandaia da gafieira à noite.
Por que esse longo preâmbulo novelístico? Porque me deu vontade de falar de uma das poucas coisas que Banânia tem produzido de bom desde sua descoberta: o escracho! As criaturas de Banânia, pelo menos algumas delas, maquequeiam à perfeição as esquisitices do próximo. Será esse um fator de higidez mental? Dizem que sim, que o humor é indício de equilíbrio psíquico. Na verdade, trata-se de um mistério: há neurônios para o teatro - temos por aqui atores e atrizes excepcionais -, para o histrionismo mais apurado, para a paródia mais afiada, mas não há massa crítica cinzenta para olhar e ver, escutar e ouvir, ler e entender, escrever ou falar com um mínimo de coerência e um leve laivo de capacidade analítica realmente sem interferência de delírios e distorções paratáxicas. O habitante de Banânia, portanto, foi aparentemente agraciado por Deus com o dom do mimetismo, da percepção caricatural do gesto alheio, a comicidade simplória - e nem por isso menos divertida - dos bobos da Corte. Todavia, quando o pessoal tem de expressar o próprio "eu", cadê ele???!!! Será esse, enfim, o verdadeiro significado da antropofagia nacional? Para sermos alguma coisa temos de consumir o ser dos outros, digeri-lo, regurgitá-lo e devolvê-lo em forma de caricatura? Hans Staden nos acuda! Hare Cunhambebe!

Imagem: a turma do Casseta, encarnando o espírito indiano...
Marx, o Groucho

Sunday, April 26, 2009

Para meus amigos no exterior que não têm acesso ao Ubaldo

Este texto saiu no Globo de hoje. Coloco aqui para Paulo e Maria, que não moram aqui. João Ubaldo inspiradíssimo sacaneando os deputados e a farra das passagens. Para quem não leu...segue a dica.


Meu primeiro emprego foi em redação de jornal e, no dia a dia da imprensa, já fui desde repórter (esforçado, mas ruim) a chefe de redação (não tão esforçado, nem tão bom). Bom mesmo, ou pelo menos mediano, acho que só como copidesque, no legendário tempo dos copidesques e seus desafios himalaicos, tais como botar em meia lauda o essencial de uma conferência de duas horas — não tenho muita saudade.

E editorialista, creio que razoável.

Mas o pouco brilho de minha carreira não impediu que tenha vivido praticamente todo tipo de situação por que pode passar a imprensa em geral e um seu órgão em particular. Ou seja, assim ou assado, manjo jornal, o mundo jornalístico e seus valores, conheço suas boas qualidades e seus defeitos e acompanho a imprensa brasileira há mais de meio século.

Devia estar acostumado, portanto, a essa perpétua conversa de que o culpado pelo que de mau acontece é a imprensa, um absurdo tão patente que já deveria ter caído em desuso.

Mas não caiu. Pelo contrário, rebrota como as cabeças da hidra de Lerna e chego a pensar numa das muitas ironias que todo o tempo nos exibem seu sorriso sarcástico: a imprensa nunca vai deixar de ser essencial aos governantes, notadamente os incompetentes e corruptos, porque sem ela não haveria em quem pôr a culpa dos desmandos, malfeitorias, burrices e simples e puros crimes por eles cometidos e pela imprensa denunciados.

Responsabilizar a imprensa, por si só, já mostra desdém pela inteligência de quem ouve ou lê. “Explicação” tão cediça, mentirosa e evasiva já bem que podia ter sido substituída por outra um tantinho mais elaborada. Mas eles capricham.

Vejam só o Gabeira, que é também jornalista, mas deve ter tido um pequeno branco na semana passada.

Segundo li, ele disse que a imprensa estava agora atacando a Câmara de Deputados porque esta não é grande anunciante. Ou seja, parece ter deixado implícito que, se a Câmara de Deputados fosse grande anunciante, este jornal, por exemplo, não publicaria esta e outras colunas. Tudo bem, a tal acha ele que se resume a filosofia editorial de um jornal sério, tudo bem, cada um pensa o que quer, diz o que quer e esquece o que quer. E cospe no prato, quando manda a feia necessidade.

Mas o que me surpreendeu mesmo, nessa do Gabeira, foi ele ter contado uma história, na qual revela que acha que nós é muitíssimo mais burro do que nós é. Disse que, quando veio à frente e revelou que também era agente de viagens, como tantos de seus colegas, arranhou sua imagem política espontaneamente.

Quem engoliu essa deve filiar-se de pronto ao Alimárias Anônimas mais próximo de sua casa. Claro que o verdadeiro arranhão aconteceria se ele não se antecipasse à revelação, que viria mais cedo ou mais tarde. Aí é que seria chato mesmo e ele, astutamente, se antecipou para eludir o constrangimento, mas acha que pode tapear a gente com outra conversa. Quer dizer, esse negócio de ter certeza de que todo mundo aqui é cretino ou fronteiriço deve ser um vírus que dá lá no Congresso e que acabou pegando o Gabeira também.

Essa patologia acabrunhante já se tinha manifestado antes em declarações do presidente da Câmara, tais como a de que meteram a mão nas passagens até para viagens galantes porque “não havia regras claras”. Seria de esperar que, não havendo regras claras para a utilização de uma vantagem, o homem público escrupuloso se afastasse dessa vantagem. Mas não, aqui isso justifica o uso e o abuso. Talvez, para que haja regras bem claras onde se diz que circulam tantos ladrões, seja melhor colar etiquetas em tudo: “Não pode levar este microfone para dar à banda de rock de seu filho”; “não pode pegar as cadeiras para mobiliar o sítio”; “os talheres são da casa”; “o papel higiênico é para uso exclusivo no local”; “tire a mão daí”, etc. etc.

Disse também o presidente da Câmara que nem todos os deputados são responsáveis por irregularidades ou falcatruas, e não se devem misturar alhos com bugalhos. Ninguém discorda, não se devem misturar alhos com bugalhos, mas quando os próprios alhos se misturam mais com os bugalhos do que clara e gema num ovo mexido, como é que se faz? Por que os alhos, a quem compete essa função e não aos governados, não se livram dos bugalhos, por que os protegem e coonestam? A mistura atingiu o ponto de não-retorno? E chega também desse papo besta, que tem enchido o país de ensaístas políticos que nunca leram o bêaacute;-bá de teoria política nenhuma, com essa conversa de que é irresponsável falar mal do Congresso, porque sem Congresso não pode haver democracia.

Verdade meio discutível (sem imprensa livre, inclusive internet, é que hoje não acredito em democracia), mas vamos dar de barato, para não bater boca com quem está por fora até dos fundamentos e nem distingue Estado de Governo, como já peguei muitos. Tudo bem, mas Congresso de merda também não é indício nenhum de existência de democracia, pois perguntem se a Coreia do Norte não tem lá o seu Congresso, assim como teve e tem a maioria das ditaduras. Então, em nome da preservação da Democracia, protege-se um congresso inepto, incapaz, omisso e malquisto e fecham-se os olhos a seus escândalos? Óbvio que um Congresso assim é que é o coveiro da democracia representativa e não os que procuram, por meios lícitos, corrigir seu curso desastroso e, a longo prazo, catastrófico. Quem faz o que faz é ele, não a imprensa, e o inimigo dele é ele, não a imprensa.

Aliás, historicamente, a maior parte da imprensa brasileira tem defendido as instituições democráticas, nas circunstâncias e visão de cada época.

Grande parte dos políticos hoje estabelecidos, em qualquer nível, esquece o muito que deve à existência de uma imprensa livre. A qual, aliás, não esquenta demais com isso, porque sabe que dor de barriga não dá uma vez só.

Os Deputados e seu destino: Miami!!!

Imagem: deputado Dagoberto Nogueira - campeão das passagens.

Acordar no domingo e ler sobre a farra das passagens é muito deprimente. Não basta serem uma quadrilha de inúteis que só discutem os próprios privilégios; o que mais me impressiona é que eles se acham cheios de razão!

No caso dos desvios das passagens aéreas pagas por Câmara e Senado, o que se ouve é: há 40 anos o dinheiro ou a cota pertence ao parlamentar, para fazer o que quiser. E o que fizeram nos últimos anos foi economizar recursos próprios, bancando com dinheiro público passeios com familiares e amigos para destinos como Londres, Paris, Nova York, Milão, Madri, Roma e, principalmente, Miami.


Se alguém tinha dúvida que se tratava de um bando de novos ricos sem gosto e sem noção o destino principal não deixa dúvidas: Miami!!!! Dá para ser mais cafona?

E os argumentos?
" Ah, sou casado, os senhores querem que eu me separe?"
"Sou um cara familia..."

Quer dizer que com a grana que eles ganham roubando sem fazer nada não dá para comprar uma passagem?

Bom, estes são os governantes eleitos pelo povo. Povo este que não sabe de nada, mas é obrigado a votar. E a quem interessa que o voto seja obrigatório? Estes mesmos que adoram ir para Miami com a nossa grana e sabem que serão votados assim mesmo. E só usar um jingle legal, as cores certas e um discurso bem rasteiro e fácil de entender. Aí os caras que são obrigados a votar olham o cartaz bonitinho e votam. Saem de lá para o churrascão e o deputado para Miami. Povo e governantes se merecem.

Friday, April 24, 2009

Politicamente correto



A Apple tirou do mercado seu joguinho - 'chacoalhador de bebê' para iPhone.
Vejam a notícia:

Representantes da Apple pediram desculpas por causa de um aplicativo de seu telefone celular, o iPhone, chamado "Baby Shaker", ou "Chacoalhador de bebê".

O aplicativo mostra um bebê chorando. O objetivo do jogo era chacoalhar o telefone até "matar" o bebê.


O jogo causou revolta entre organizações e pais de bebês que morreram ou tiveram danos cerebrais após serem chacoalhados violentamente.

Alguns comentários:

1)organizações e pais de bebês que morreram ou tiveram danos cerebrais após serem chacoalhados violentamente????? Como assim?

2) Quem foi que determinou que detestar crianças é um crime contra a humanidade?

3)Nós que detestamos crianças e somos obrigados a aturar os monstrinhos gritando no restaurante, no prédio, no vizinho etc não temos então nem o direito a um joguinho para desanuviar?

4) Quero um chacoalhador de bebês já!!!!!

Thursday, April 23, 2009

Georges Rousse


Já falei algumas vezes de Georges Rousse, um artista incrível. A gente tende a pensar que são montagens, mas não são, são intervenções no espaço.
Acabei de encontrar u vídeo be legal dele. Dura 45 minutos, mas para aqueles que gostam vale a pena.

Thursday, April 16, 2009

Monday, April 13, 2009

Somos todos iguais?


Amigos,

estava pensando em voltar a escrever aqui na Furiosa, mas Marx andou lendo meus pensamentos e já começou a trabalhar. Nestes dois anos longe do blog eu terminei o mestrado, mudei o foco dos estudos e mergulhei numa nova área. Dois anos depois, trabalho feito, estou de volta para gritar enfurecida na tentativa de impedir que este país passe da barbárie à decadência sem nenhuma escala.
O que posso dizer deste tempo que passou? Que todos os fracos de espírito agora têm a desculpa perfeita para não fazer nada? A desculpa ideal para não ler, não trabalhar, não se cultivar.
E qual seria esta desculpa? Aqueles que sempre me leram sabem a resposta: Lula e sua turma de sindicalistas ignorantes cujos únicos objetivos na vida são panção, cervejão e churrascão...
Muitas pessoas perguntavam aqui no blog ( eventualmente fora da realidade virtual também) se eu me acho melhor que os outros. Canso de repetir: se for para pensar que enquanto todos vão à praia eu destrincho Kant num domingão de sol, se enquanto todos tomam cerveja no churrasco de sábado eu estou em casa escrevendo, se todos trabalham, mal e mal, oito horas por dia e eu e vários amigos ultrapassamos 10 horas de trabalho...bem, o mínimo que eu posso dizer é que as pessoas não são tão iguais assim. Sobre o ponto de vista cultural, de esforço pessoal, eu me acho melhor mesmo.
Conheço inúmeras pessoas que só trabalham para pagar a cerveja. Vocês podem argumentar: são os necessitados. Mas não é nada disso, mesmo muitas pessoas que têm todos os recursos para fazerem o que querem preferem não fazer nada ou muito pouco em razão de suas vidas de busca de um prazer vazio e sem sentido.
Querem me dizer que com os meus anos ininterruptos de leitura, e minhas dez horas de trabalho incluindo fim de semana, eu sou igual à pessoas que nunca leram nada porque não quiseram, que adoram assistir Faustão, que acham que trabalho é bater o ponto 9 horas e sair 5 em ponto correndo para o bar e cervejão?????
E dentro desta lógica maluca estes mesmos fracos de espírito acham um absurdo que pessoas como eu ganhem mais?
A novidade agora é meter o pau nos executivos de empresas. Será que essa gente não raciocina o quanto esses caras batalharam para chegar lá?
Agora me digam, somos todos tão iguais assim???
Acho que não.

Aliás, eu sempre detestei gente igual mesmo, parece coisa de gado...

E não, não estudo sábado à tarde porque não tenho amigos, mas obrigada pela preocupação. Tenho muitos amigos e até saio bastante, minhas festas são conhecidas. Só não vivo para isso...

A Furiosa volta com força total...

Oriane