
O inferno está cheio não só de boas intenções mas daquelas nem tão boas também. Essa maníaca historinha de Che Guevara nos leva à náusea completa. O culto esquerdopata promovido a seu respeito infeccionou gerações de jovens toscamente alfabetizados, deliberadamente desinformados, hediondamente manipulados até virar griffe de uma rebeldia redentora, ícone da psicose coletiva mais popular do planeta. A serviço dessa máquina de propaganda deslavada, são empregados os sempre "odiosos instrumentos" de uma sociedade capitalista, burguesa e cínica: marketing direto e indireto - em recente novela da Globo, "Pé na Jaca", um retrato de Che é insistentemente focalizado na parede da casa do personagem de Marcos Pasquim, obviamente o herói da churumela -, bem como todos os tentáculos da indústria cultural, em especial, aqueles financiados com tutu do erário, veiculando a idéia de que os fins justificam quaisquer meios. Que se venda Che como se vende Coca-Cola, qual é o problema, não é mesmo? As técnicas de mercado só são indesejáveis quando funcionam "do lado de lá"; "do lado de cá", não há problema algum, pois o nobilíssimo conteúdo de uma revolução de psicopatas como Che e aproveitadores como Fidel justifica qualquer estratégia, contanto que ela seja eficiente na tomada do poder. Na mesma linha de raciocínio, usa-se o estado democrático para se chegar ao seu oposto, o estado totalitário.
Alunos meus desfilam por aí, orgulhosamente, com as camisetas do seu "herói-motoqueiro preferido", cujas peripécias asmáticas passam ad nauseam na TV a cabo, reforçadas por documentários que se dedicam a explicar, em todos os seus detalhes mais contraditórios, singulares e épicos, a trajetória de um sujeito que não passa de mais um bode na sala do obscurantismo que avassala as estúpidas mentes da modernidade. É mais um mero sapo que virou príncipe, para o encantamento abestalhado de milhões de infelizes em busca de um rumo na vida. Afinal, se Deus não existe, Che é permitido - Dostô que nos perdôe, mas Jung explica! Querem saber o que é? Em linguagem junguiana, trata-se de uma perversão do arquétipo da divindade ou, vá lá, da figura do herói.
Todos nós trazemos na alma formas arquetípicas, fundamentos determinantes da nossa história particular, nossas respostas ao meio, nossas escolhas essenciais. Em bom português lulista, o desvio inconsciente de tais diretrizes psíquicas equivale ao famoso "NÃO TEM TU, VAI TU MESMO!" Por exemplo, em termos de ideologias socialistas/comunistas, autoproclamadas materialistas e atéias, uma vez extirpada a noção da divindade, a perversão desagua automaticamente na eleição de um partido ou de um líder que funcionem no lugar do destronado ente metafísico. Reparem que o culto a essa gente "eleita" é tão ou mais irracional e fanático do que a adoração a qualquer deus de religião primitiva: eles não falham, não perdoam erro, são implacáveis com os dissidentes, são o que há de mais execrável no poder absoluto, são "deuses" compatíveis, portanto, com todas as características dos deuses pagãos, alguns dos quais comiam mesmo criancinha chata, hehehe...
Para os que se interessaram por Carl Gustav Jung, um bom começo é a leitura de Memórias, sonhos e reflexões, Editora Nova Fronteira.
Marx, o Groucho